“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16)
Paulo defende a dignidade dos ministros do evangelho (vs. 1-14): os pastores, evangelistas e missionários que se dedicam integralmente ao ministério têm o direito de receber sustento material pelo seu trabalho. Ele afirma que “assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9:14). Escrevendo a Timóteo, o apóstolo reforça: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:17-18).
Contudo, muitas vezes, o próprio Paulo não recebeu das igrejas o reconhecimento ou o sustento que lhe eram devidos. Ainda assim, ele continuava a pregar, pois sabia que essa era sua missão inegociável. O direito era legítimo, como ele mesmo esclarece: “Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?” (1 Coríntios 9:7). No entanto, Paulo seguia pregando sem murmuração, movido por uma motivação que ele declara enfaticamente: “Ai de mim, se não anunciar o evangelho!”
Embora o pastor seja digno de um salário justo, de reconhecimento e do respeito de suas ovelhas, mesmo quando lhe faltarem todas essas coisas, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando os trabalhadores seculares recebem reajustes salariais, e o salário do pastor permanece o mesmo, levando-o a enfrentar necessidades, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se lhe faltarem o pão, a roupa e os sapatos, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Ainda que lhe faltem recursos para cuidar da saúde sua e de sua família, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se não houver meios para adquirir livros, realizar cursos ou atualizar seu conhecimento, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se faltarem recursos e oportunidade para lazer em família, considerados por alguns como supérfluos, ainda assim, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando sua família se queixar das condições inadequadas e das dificuldades enfrentadas, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Embora o pastor seja digno do amor e consideração de suas ovelhas, mesmo quando isso lhe for negado, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se enfrentar maledicências e traições, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se, na sua ausência, forem tecidas críticas ou conspirações contra ele, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Ainda que seja maltratado, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando for esquecido, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se o ministério se tornar pesado e solitário, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se estiver longe de sua terra natal e sem amigos por perto, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se viver como um “nômade”, sem endereço fixo, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se não houver recursos para transporte, se o calor for abrasador ou se a chuva cair incessantemente, e ainda assim a ovelha exigir sua presença, “ai dele se não atender prontamente”.
Mesmo padecendo, ao ver almas perecendo no caminho do inferno, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Quando odiado pelo mundo e perseguido, se abandonado por aqueles que cuida, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando Deus parecer em silêncio em meio às orações feitas em lágrimas, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando faltar apoio ou encorajamento de outros colegas de ministério, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando os sermões ou ensinos proferidos não forem compreendidos ou provocarem rejeição, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo em tempos de aridez espiritual e cansaço emocional, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se em algum momento enfrentar crises na fé e questionar seu chamado, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando, apesar de todo esforço e trabalho, não houver evidências de fruto no tempo esperado, ou lhe cobrarem injustamente por resultados, “ai dele se não persistir em anunciar o evangelho”.
Em uma sociedade corrompida que despreza a Palavra de Deus, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Mesmo quando as novas gerações parecerem desinteressadas, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Se pensamentos de desistência surgirem e, por fraqueza, desejar abandonar a missão que lhe foi confiada, mesmo assim “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Ainda que a defesa do evangelho e o cuidado com as ovelhas lhe causem dor e profundas marcas, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
Ainda que adoecido, desde que possa falar, “ai dele se não anunciar o evangelho”.
O que seria do mundo, o que seria das ovelhas e das igrejas, sem aqueles que anunciam o evangelho?
Embora o ministro da Palavra de Deus possa “viver pela fé”, ainda que suportando incompreensão, escassez, desprezo e outras adversidades, ai das igrejas que lhes negam a dignidade.
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hebreus 13:17 — grifo do autor)
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