A paz ou a espada? | A Palavra
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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A paz ou a espada?

Cristo e a Espada: O Evangelho que Divide e Une

Bíblia e espada
Imagem gerada por AI
Pr. Cleber Montes Moreira

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.” (
Mateus 10:34 – Leia de 17 a 39)

Lembro-me da primeira vez que li este texto, ainda na adolescência. Confesso que fiquei chocado. Como poderia aquele que veio movido por tão grande amor para salvar fazer uma confissão tão forte? Como poderia o “Príncipe da Paz” ser fonte de discórdia? E mais: Jesus ainda disse: “Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares” (vv. 35-36). Ele se apresenta não como promotor de paz, mas como causa de conflito, começando pela própria família. Após algum tempo, compreendi esse ensino, e meu coração encontrou descanso.

A palavra traduzida como “espada” indica “confusão” e “conflito”, e é exatamente o que Jesus provoca em certos contextos. Muitos muçulmanos, ao aceitarem Cristo como Senhor e Salvador, são expulsos de suas casas, perseguidos, presos e até mortos — muitas vezes denunciados pelos próprios familiares. Esposas convertidas são abandonadas por seus maridos. Há contendas em famílias onde alguém passou a viver a nova vida em Cristo. Como está escrito: “E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão” (v. 21). Esses conflitos transcendem os lares, estendendo-se às escolas, ao trabalho e a todos os lugares onde um novo crente é visto com “olhares atravessados”. Existem discórdias entre religiosos, guerras entre nações, perseguições organizadas, tudo por causa do nome de Jesus. O que dizer da Inquisição Católica? E da Inquisição Protestante? Quantos males foram cometidos pelo ódio ao Senhor ou, erroneamente, em nome dEle? A mesma doutrina que une também separa. O problema não está em Cristo e em Seus ensinos, mas no coração humano.

Encontro na Bíblia uma explicação para isso: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mateus 12:30). A doutrina de Cristo provocou repulsa nos escribas e fariseus, e o evangelho ainda hoje é objeto de ódio pelo mundo. No entanto, essa mesma doutrina que divide também une aqueles que, por conhecerem a Verdade, foram libertos por ela. Os salvos são aqueles que perseveram unidos, em santa comunhão, na mesma doutrina (Atos 2:42). Portanto, embora as opiniões sobre Cristo dividam, a teologia separe pessoas e o denominacionalismo religioso gere guerras, e o evangelho desperte o ódio de opositores — a Verdade, e somente a Verdade, une aqueles que nela creem e por ela vivem. É assim que Cristo traz tanto paz quanto confusão. Por causa da fé, somos amados por uns e odiados por outros. Como está escrito: “E de todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lucas 21:17).

Negar a Cristo ou confessá-lo diante dos homens (vv. 32-33)? E, se por causa do Salvador perdermos amigos, o amor da família e formos rejeitados ou perseguidos? Que fazer? Abandonar a fé ou perseverar? Escolher a Cristo ou aqueles que amamos? A resposta está no próprio texto: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim” (v. 37). Portanto, se tivermos que escolher entre estar em paz com as pessoas ou com o Senhor, que escolhamos o Senhor. Se nossa vida em Cristo soa como uma “declaração de guerra”, que não retrocedamos jamais na fé naquele que nos salvou.

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