Discernimento Espiritual: Identificando e Lidando com os Falsos Mestres | A Palavra
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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Discernimento Espiritual: Identificando e Lidando com os Falsos Mestres

Identificando os Enganadores: Salvaguardando as Ovelhas dos Lobos

Lobo em pele de pastor
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira


Texto Bíblico: Romanos 16:17,18

Em Romanos 16:17,18, o apóstolo Paulo expressa sua preocupação com a presença de falsos mestres no seio da igreja, indivíduos cujo ensino tem potencial para perverter a doutrina verdadeira e causar divisões. O apóstolo exorta os crentes a ficarem atentos, a identificar tais pessoas e a afastá-las. Este ensino serve como um lembrete para os cristãos de todas as épocas: devemos estar atentos e identificar aqueles que, infiltrados na igreja, proferem ensinos contrários à Palavra de Deus, para agirmos a tempo de evitar males maiores.

Analisemos o texto a partir dos seguintes tópicos: (1) A realidade daqueles que trabalham para perverter a doutrina; (2) Simplicidade versus discernimento; (3) A postura correta para com os falsos mestres.

1. A realidade daqueles que trabalham para perverter a doutrina

Ao longo da história, o povo de Deus sempre enfrentou falsos profetas e mestres que, movidos por interesses pessoais, enganam os incautos. Esses indivíduos se apresentam como pregadores da verdade, alegando possuir autoridade divina, quando na realidade falam por si mesmos e se opõem à sã doutrina. O texto bíblico nos exorta a “notá-los”, ou seja, observar com atenção para identificá-los e nos afastar deles.

(1) No Novo Testamento encontramos vários alertas sobre a presença de falsos profetas e mestres. Em Mateus 7:15, Jesus adverte: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.”

(2) Paulo, consciente dos perigos após sua partida, previu que “lobos cruéis” se infiltrariam entre os crentes para desviar o rebanho (Atos 20:29). Eles não poupariam as ovelhas.

(3) Pedro exorta seus leitores a respeito daqueles que, no seio da igreja, “introduzirão encobertamente heresias”, atraindo discípulos e blasfemando contra “o caminho da verdade”. Por avareza, eles mercadejarão o evangelho (2 Pedro 2:1-3).

(4) Esses indivíduos são descritos como servindo não a Deus, mas aos seus próprios desejos. Em Filipenses 3:18-19, Paulo fala sobre aqueles que são “inimigos da cruz de Cristo”, cujo deus é o próprio ventre e que têm a mente nas coisas terrenas.

Observamos que tanto Jesus quanto os apóstolos se preocupavam profundamente com a integridade doutrinária dos discípulos e das igrejas. Eles exortaram contra os falsificadores da Palavra e lutaram pela preservação da verdade. Estavam atentos às distorções do evangelho e orientavam os crentes a permanecerem firmes na doutrina dos apóstolos. Hoje, a situação não é diferente: os falsos profetas e mestres estão entre nós, trabalhando incansavelmente para perverter a doutrina. Eles se autointitulam irmãos, profetas, pastores, bispos, apóstolos etc.; entretanto, são inimigos do evangelho e filhos das trevas. É urgente que também se levantem entre nós aqueles que, com amor e autoridade, exortem o povo de Deus e afastem “os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina” (Romanos 16:17).

2. Simplicidade versus discernimento

O discernimento espiritual é algo gradual e que conquistamos na medida em que crescemos no conhecimento de Jesus Cristo, mediante o estudo da Bíblia. A sua falta está sempre associada à carnalidade, à infantilidade e a outros fatores que inibem a maturidade cristã. Paulo declara que os crentes de Corinto eram carnais e infantis (1 Coríntios 3:1-3). Escrevendo aos Efésios, o apóstolo fala da importância da edificação do corpo de Cristo “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Efésios 4:14).

Vivemos em uma época em que os falsos pregadores recebem aplausos de auditórios repletos de crianças espirituais. Eles proferem “palavras suaves”, ou seja, sermões agradáveis que bajulam o ego humano e enganam as pessoas. Em 2 Timóteo 4:3,4, lemos sobre aqueles que se recusam a ouvir a verdade porque não suportam a sã doutrina e, tendo “coceira nos ouvidos” (NVI), seguem aqueles cujo ensino está de acordo com seus próprios desejos. Entretanto, os filhos de Deus devem se destacar pelo amor às Escrituras, pelo prazer em meditar nelas e por estudá-las diligentemente.

Destaco a seguir uma série de exortações bíblicas que demonstram a urgente necessidade do discernimento espiritual para que possamos estar ancorados na Palavra da Verdade e não sermos iludidos pelos falsos mestres:

(1) No texto inicial, Paulo nos diz que os falsos profetas “com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” (Romanos 16:18).

(2) Em Mateus 7:15-20, Jesus nos adverte sobre os falsos profetas, que podem ser reconhecidos pelos seus frutos. É essencial que a igreja cultive discernimento espiritual para identificar e rejeitar ensinamentos que se desviam da verdade do Evangelho.

(3) Paulo exortou aos Colossenses para que não se deixassem enredar por “filosofias e vãs sutilezas” (Colossenses 2:8). Da mesma forma, não devemos nos deixar levar por ensinos e sermões bonitinhos, politicamente corretos, que afagam nossos ouvidos, cheios de sabedoria humana. Eles são como “arapucas” do diabo para aprisionar os incautos.

(4) Paulo exalta os bereanos por confrontarem os ensinos recebidos com as Escrituras (Atos 17:11). Assim também devemos proceder.

(5) O apóstolo exorta seus leitores para que sejam prudentes e reconheçam “os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina” de Cristo (Romanos 16:17). Em outras palavras, devemos ter discernimento espiritual para perceber aqueles que, travestidos de mestres, disseminam o erro no seio da igreja. João nos adverte: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4:1).

(6) (6) Ao defender seu ministério, Paulo diz algo que deve ser acolhido como um princípio para o contexto atual: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (2 Coríntios 13:5). Temos permanecido na fé ou temos nos desviado da verdade ao ouvir a voz de enganadores?

Consideremos que o discernimento é uma característica do homem espiritual e não dos carnais (1 Coríntios 2:14,15).

3. A postura correta para com os falsos mestres

(1) Paulo nos recomenda: “Desviai-vos deles” (Romanos 16:17). A ideia aqui não é apenas de um afastamento físico, mas também uma separação moral e espiritual. O ensino em questão é sobre a importância de manter-se fiel à sã doutrina para a integridade da fé, o que implica discernimento para nos afastarmos daqueles cujo ensino contraria a Palavra de Deus.

(2) Conforme 1 Timóteo 1:3-7, Paulo deixou Timóteo em Éfeso para combater os que disseminavam falsas doutrinas, os que querendo ser mestres, eram ignorantes quanto ao que ensinavam. Em sua Segunda Carta, ao se referir aos que têm “aparência de piedade”, mas são incrédulos, ele adverte: “Destes afasta-te” (2 Timóteo 3:5).

(3) O apóstolo João nos diz que “muitos falsos profetas têm se levantado no mundo”, e por isso nos adverte para colocarmos à prova “todo espírito”, em outras palavras, o ensino daqueles que se apresentam como profetas ou pregadores (1 João 4:1). A advertência é para que não creiamos em qualquer ensino, mas que os provemos pelas Escrituras Sagradas para saber se eles vêm ou não de Deus.

(5) Em sua Segunda Carta, João nos traz uma grave exortação: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Pois quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 João 1:10-11). A palavra grega aqui utilizada expressa a forma comum de saudação, significando desejo de saúde, sucesso e prosperidade. O que João está dizendo é que não devemos desejar a ninguém sucesso em sua trajetória de pecado. Tal desejo seria participar de suas más obras.

(6) Escrevendo aos Gálatas, que estavam se desviando do evangelho da graça e se voltando para os rudimentos do legalismo judaico, Paulo exorta: “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1:8). O significado de anátema diz respeito a algo “considerado impuro ou profano, sendo totalmente separado para o juízo divino”. Esse termo traz consigo a ideia de uma maldição grave e irreversível, representando uma punição ou separação definitiva de algo ou alguém.

Um falso profeta não é um irmão (jamais devemos chamá-lo assim), não é uma ovelha de Cristo, mas sim uma ameaça às ovelhas. Dentre várias atitudes que devemos ter em relação a eles, destaco: colocar seus ensinamentos à prova, nos afastarmos deles, combatê-los, não saudá-los e excluí-los do meio da igreja para que não causem males ao rebanho de Deus.

Conclusão

O Novo Testamento traz constantes advertências sobre a presença de falsos profetas e mestres que, movidos por interesses pessoais, buscam perverter o ensino da Palavra de Deus. A história da igreja está repleta de exemplos de líderes que atraíram seguidores e os enredaram com o falso ensino. No entanto, a Bíblia nos oferece orientações seguras para identificá-los e agir em relação a eles.

A integridade doutrinária é vital para a vida da igreja, tanto para a segurança dos crentes quanto para a apresentação do evangelho incontaminado para a salvação dos perdidos. Por isso, devemos “notar” aqueles que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina de Cristo e removê-los do nosso meio, assegurando, assim, a pureza da fé e a saúde espiritual da igreja.

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