Quando a Obra de Deus é deixada em segundo plano: uma advertência atual
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“Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?” (Ageu 1:4)
O contexto do livro de Ageu se passa durante o período pós-exílio dos judeus que voltaram à Terra Prometida após o decreto de Ciro em 538 a.C. (Esdras 1:1-4). Ao retornarem à sua terra natal, os judeus iniciaram a reconstrução do Templo. No entanto, enfrentaram forte oposição externa que, somada à desmotivação interna, resultou no abandono do projeto de reconstrução.
Uma das desculpas para o não andamento da obra era de que ainda não havia chegado o tempo em que a casa do Senhor devia ser edificada (v.2). Como nos diz Russell Norman Champlin, “o povo estava amarrando os passos, adiando a construção” enquanto “estavam ocupados com tarefas e projetos pessoais, edificando suas próprias casas adornadas”. É verdade que as pessoas tendem a deixar as questões espirituais em segundo plano, enquanto cuidam de interesses seculares. Foi assim no passado, é assim hoje.
No texto, Deus convida os judeus a considerar os seus caminhos e lembra-lhes a inutilidade de seu trabalho voltado para seus próprios interesses: “Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado” (v.6). Essa realidade é enfatizada no verso 9, onde percebemos que todo o labor daqueles que colocam as coisas espirituais em segundo plano não produz real satisfação. Por quê? “Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa” (v.9). A expectativa era grande, mas os resultados frustrantes: “Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos” (v.10).
Quantas vezes nós também trabalhamos em vão! Queremos comer bem, vestir-nos bem, viajar, ter uma boa casa, trocar a mobília, comprar um carro novo e realizar muitas outras coisas, mas nunca ficamos satisfeitos. Enquanto isso, nos esquecemos de dizimar, de ofertar para missões, de participar de algum trabalho voluntário, de oferecermos a Deus nossos talentos… Não estudamos a Bíblia, a lição da EBD, não separamos tempo de qualidade para a oração, não evangelizamos… Trabalhamos e criamos expectativas, mas nos decepcionamos.
No início de meu ministério, pastoreei uma família avarenta. O marido era diácono, a esposa muito influente na igreja, e os filhos os acompanhavam. Não eram dizimistas, mas estavam sempre sonhando em realizar coisas para si. Compraram um carro, mas capotaram com ele. Certo dia, quando a mulher sacou o dinheiro do salário de uma agência bancária para depositar noutra, teve sua bolsa cortada com uma lâmina, sem que o percebesse, e todo dinheiro levado. Era como se eles literalmente recebessem o salário num saco furado. Não digo que há uma maldição sobre os não dizimistas, mas é fato que o avarento nunca está satisfeito. A Bíblia nos diz: “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda… Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir” (Eclesiastes 5:10,12).
Ageu nos convida a refletir sobre nossas prioridades. Temos abandonado a vida com Deus e nossas responsabilidades para com Ele para vivermos em função dos nossos próprios interesses? Aquele que vive para si tem real contentamento, ou apenas colhe frustrações? Há algo que Deus espera de nós que estejamos adiando em função de nossas prioridades equivocadas? Pensemos nisso!
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