Fazer o outro feliz é o segredo para conquistar a própria felicidade, e isso só é possível pela operação do amor de Cristo em nós, pelo qual buscamos completar a alegria do outro, a começar pelos pequenos gestos
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“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.” (Filipenses 2:3-5 — NVI)
As pessoas buscam freneticamente a felicidade, porém, de uma forma errada. Muitas querem alcançá-la egoisticamente, ou seja, buscam concretizá-la na realização da própria vontade e desejos pessoais sem, no entanto, considerar os outros, não tendo sensibilidade para perceber os anseios e necessidades dos que estão ao redor. Este é um comportamento quase que majoritário na sociedade, mas que se percebe também no seio de muitas famílias, onde cada um pensa primeiro em si. Assim, maridos querem ser felizes satisfazendo seus apetites, do seu modo, seja no sexo, no entretenimento, na maneira de gerir os recursos financeiros, no desfrute dos bens etc. Da mesma forma muitas esposas lutam por conquistas e prazeres individuais, e concorrem com os esposos nas mais diversas áreas e assuntos da vida. Com os filhos não é diferente, eles querem ter primazia em tudo: roupas de grife, celulares de última geração, computadores, lazer etc. O problema é que este comportamento, embora possa desencadear alguma alegria momentânea, não promove a verdadeira felicidade, e isso vale para todos os tipos de relacionamentos, especialmente no âmbito do lar.
Certa vez fui convidado para celebrar um culto de noivado. Em dado momento da cerimônia, que ocorreu na casa dos pais da noiva, franqueei a palavra ao noivo que queria dar um depoimento. Seu testemunho começou assim: “Eu sempre orava a Deus pedindo que me desse alguém para me fazer feliz…” Percebam: ele viu nela a possibilidade de satisfação pessoal, ou seja, sua motivação era egoísta, ele se preocupava em ser feliz e não em fazê-la feliz, queria receber e não ofertar. O seu ego orientava sua oração, seu comportamento e, imagino, determinava o modo como se relacionava com sua noiva. Faz alguns anos desde aquela declaração; até hoje eles não se casaram, mas passaram a viver maritalmente. Talvez os dois estejam movidos pela mesma ambição: a própria felicidade, e não a do outro. Um relacionamento assim normalmente tem prazo de validade, pois quando um não puder mais oferecer o que o outro quer, quando a beleza do outro, o vigor, e a “qualidade” na “prestação dos serviços” não for adequada, alguém tomará a iniciativa para se afastar; tanto que a praxe social tem demonstrado que pessoas são ‘descartáveis’. Uma relação em que cada qual luta pelos seus próprios interesses é como uma casa dividida que não poderá subsistir por muito tempo: nela as pessoas não se completam, mas competem entre si (aqui se aplica o mesmo princípio ensinado por Jesus em Marcos 3:25).
Embora o texto inicial trate de relacionamentos no seio da igreja, os princípios nele observados podem e devem ser aplicados no lar, uma vez que cabem bem em qualquer contexto de convivência:
Nada deve ser feito por ambição egoísta — a humildade é o antídoto do egoismo, e alguns a consideram como sendo um ‘segredo’ para a manutenção de bons relacionamentos. É certo que conviver com alguém que pensa e trabalha excessivamente pelos próprios interesses é desgastante.
Mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos — a pessoa humilde está sempre disposta a perdoar e a pedir perdão, a reavaliar opiniões e atitudes, a reconsiderar certas coisas e buscar o aperfeiçoamento em Cristo — isso não é fraqueza, é virtude! Quem pratica a humildade não busca o prestígio pessoal, antes age de modo a valorizar o próximo, a trabalhar pelo bem-estar dos outros, e a promover a paz.
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros — O altruísmo tem sido uma virtude esquecida. Pode parecer difícil deixar de lado os próprios interesses e trabalhar para o contentamento do outro, mas é agindo assim que expressamos nosso amor e cultivamos em nós a mesma atitude de Cristo, que “esvaziou-se a si mesmo” e veio ao mundo não “para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Filipenses 2:7; Marcos 10:45). Para “cuidar dos interesses dos outros” devemos exercitar a ‘empatia’, valor em desuso, mas que precisa ser resgatado.
Ao contrário do que muitos afirmam, diferente do que diz a ‘sabedoria’ de certos ‘pensadores’, ninguém é feliz sozinho. Especialmente no lar, a felicidade de um depende da felicidade do outro. O marido feliz é o que faz a esposa feliz, e vice-versa. Os pais felizes são os que criam filhos felizes, e filhos felizes são os que agem intencionalmente para a felicidade dos pais. Irmãos que se apreciam trabalham para a felicidade uns dos outros. O segredo para agir assim? É o amor de Cristo em nós que nos leva a “completar” a alegria do outro, e isso começa pelos pequenos gestos.
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