O perigo do cristianismo progressista e seu falso evangelho | A Palavra
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quarta-feira, 15 de junho de 2022

O perigo do cristianismo progressista e seu falso evangelho

Franklin Graham: Por décadas, uma guerra tem sido travada contra o cristianismo bíblico que está sob o nome aparentemente inocente de “cristianismo progressista”

cristianismo progressista
Imagem: Sharon McCutcheon no Unsplash

Pr. Cleber Montes Moreira

“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos […]. Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador…” (Leia Romanos 1:21-25)

 

Em artigo publicado no site da Revista “Decision Magazine”1, o pastor Franklin Graham fez uma dura denúncia contra o movimento evangélico progressista que, segundo ele, por décadas tem travado uma guerra contra o cristianismo bíblico. Ele ainda afirmou que este movimento “surgiu nos salões dos seminários, se infiltrou nos púlpitos de milhares de igrejas e foi propagado por uma mídia liberal ímpia”, e que “está empenhado em lançar dúvidas e minar os princípios fundamentais da Palavra de Deus”.

De fato, este alerta nos faz lembrar dos escritos de Judas e Pedro, bem como confirma que a Palavra de Deus se cumpre com exatidão: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” (Judas 1:4); “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade” (2 Pedro 2:1,2). Como bem disse o pastor e jornalista Eguinaldo Hélio Souza ao denunciar o modus operandi do cristianismo progressista, “a melhor maneira de destruir o evangelho é produzir um evangelho que não é o evangelho. O nome permanece, mas toda a essência é retirada”.

Com uma postura crítica e revisionista da teologia tradicional e da fé cristã, os progressistas apresentam um “evangelho” destoante da revelação de Deus nas Escrituras, palatável para aqueles que não suportam a sã doutrina (2 Timóteo 4:3) e que buscam conciliar vida carnal e religiosidade a fim de aplacarem suas consciências em relação ao pecado e ao juízo divino. Aliás, pecado e juízo são palavras ‘politicamente incorretas’, ofensivas e fora de moda, assim como inferno, doutrina, santidade e outras. Alguns termos, quando usados, podem apresentar conceitos e definições distintos de seus significados originais. Os proclamadores deste “evangelho” empacotado preferem adotar em seus discursos palavras como “amor”, “justiça social”, “tolerância”, “igualdade”, “diversidade” e “coletividade” dentre outras. Com discursos polidos e atrativos, trabalham para fundamentar ou reafirmar seus pressupostos antibíblicos por meio do que podemos chamar malabarismo ou contorcionismo teológico. Aqueles textos das Escrituras que não conseguem reinterpretar ou ressignificar, logo classificam como interditivos e/ou como parte de uma cultura patriarcal, machista, preconceituosa etc. Assim é que, embora utilizem a Bíblia, na prática, por relativizarem seus ensinos, negam sua inspiração, infabibilidade e suficiência.

No documento “Guia de Estudo: 8 pontos do Cristianismo Progressivo”, que pode ser baixado no Portal Progressive Chistianity, lemos que “os ensinamentos de Jesus fornecem apenas uma das muitas maneiras de experimentar a sacralidade e a unidade da vida, e que podemos extrair de diversas fontes sabedoria para nossa jornada espiritual”2 (tradução livre). Em outras palavras, a Bíblia é rejeitada como a “única regra de fé e prática” e colocada em igualdade com qualquer outra fonte de conhecimento. Neste guia os leitores ainda são encorajados a procurarem uma comunidade que inclua todas as pessoas: cristãos convencionais, céticos questionadores, agnósticos, pessoas de todas as classes e habilidades, pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero.

Por se tratar de um evangelho liberal, negar o pecado em termos bíblicos e difundir o universalismo, os cristãos progressistas acabam por repudiar a obra expiatória de Cristo na cruz — afinal, se não há pecado, e se Deus salvará a todos, a cruz já não tem sentido.

A afirmação da Reverenda progressista Irene Monroe, no Portal Progressive Chistianity, demonstra qual a crença progressista sobre a ressurreição do Senhor: “A ressurreição física de Jesus de sua crucificação é uma narrativa enquadrada na literatura apocalíptica judaica e cristã como metafórica e mística. Eu prego sobre a ressurreição de Jesus como uma forma de examinar as injustiças sociais que confrontam pessoas marginalizadas e desprivilegiadas. Para mim, as injustiças sociais são um pecado.” Mais adiante ela declara: “Muitos cristãos não percebem que com a visão clássica da cruz defendida por muitos conservadores como a exaltação de Jesus como homem, Jesus como branco e Jesus como heterossexual, essa visão desencoraja a solidariedade entre diversos grupos de pessoas que sofrem.”3 Deste entendimento decorrem as várias manifestações do Cristo como preto, mulher, transexual, índio etc. Lembro que em 2020 a Escola de Samba Mangueira, sob aplausos e participação de cristãos progressistas, levou à Sapucaí várias versões de Jesus Cristo: Negro, índio, mulher e LGBT4. Em 2015, durante a 19ª edição da Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de São Paulo, uma transexual representou Jesus na cruz5. Assim, não apenas a Bíblia é ressignificada, seus valores relativizados, mas a própria pessoa do Senhor ganha várias versões num esforço claro para a desconstrução não apenas de valores, mas da própria imagem de Deus: “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível…” (Romanos 1:23).

Em geral, ainda que alguns neguem, explicitamente ou não, na prática os cristãos progressistas defendem, dentre outras coisas:

  • outras fontes orientadoras e basilares para a fé e prática além da Bíblia;
  • a contextualização (revisionismo) das Escrituras;
  • a “descolonização” da teologia;
  • o ecumenismo;
  • a descriminalização do aborto;
  • a descriminalização das drogas;
  • a redefinição do conceito de família;
  • a ideologia de gênero;
  • o ingresso de LGBTQIA+ na membresia das igrejas;
  • uniões homoafetivas (alguns defendem até mesmo as uniões poliafetivas);
  • o uso da “linguagem neutra”;
  • a defesa das “minorias”;
  • pautas feministas;
  • o combate ao que chamam “masculinidade tóxica”;
  • o combate ao que chamam “racismo estrutural” na igreja;
  • um cristianismo sem regras em que o “amor” seja a única doutrina;
  • o universalismo: doutrina da reconciliação universal — a crença de que todos serão salvos;
  • o alinhamento político com a esquerda.

Os críticos dos cristãos progressistas são geralmente chamados por eles, dentre outras coisas, de “intolerantes” e “fundamentalistas”, entretanto, eles mesmos se fazem intolerantes e radicalizam seus discursos contra aqueles que conservam os valores da Palavra de Deus. Não é incomum a manifestação do “ódio do bem” contra conservadores por causa de suas posições bíblicas.

Em seu artigo, Franklin Graham nos lembra da exortação paulina: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1:8). Entre os crentes da Galácia alguns queriam “transtornar o evangelho de Cristo” (v.7), provocando inquietação por meio de um “ensino poluído”. Embora o contexto nos revele que tal exortação tinha como alvo combater aqueles que queriam levar os salvos de volta ao legalismo judaico, o princípio aqui estabelecido serve para desautorizar e repelir qualquer falso ensino, inclusive o chamado “cristianismo progressivo”, que de cristianismo não tem nada. Por proclamar um falso evangelho, como bem afirmou Graham, o cristianismo progressista pode conduzir pessoas para o inferno.

Os cristãos progressistas, por causa de seus discursos politicamente correto e alinhamento político, têm cada vez mais ocupado espaço na mídia secular onde difundem sua “teologia”, bem como atacam a fé tradicional. Além disso estão infiltrados nas denominações históricas, seja ensinando em seminários, no pastoreio de igrejas, especialmente no pastoreio de jovens, em cargos e comissões nas estruturas denominacionais, e em outras posições estratégicas, o que compromete o futuro das próximas gerações. Diante desta realidade é urgente que os filhos de Deus, em especial os líderes, ajam com zelo e rigor contra aqueles que promovem divisões e desvios entre o povo de Deus, primeiramente por meio do ensino bíblico saudável, depois resistindo e afastando do rebanho os lobos travestidos de ovelhas: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” (Romanos 16:17,18); “Destes afasta-te” (2 Timóteo 3:5); “Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 João 1:10,11).


1 https://decisionmagazine.com/franklin-graham-the-eternal-peril-of-progressive-christianity/
2 https://progressivechristianity.org/resources/study-guide-for-the-8-points-of-progressive-christianity-2012-pdf-download/
3 https://progressivechristianity.org/resources/do-you-believe-in-the-resurrection/
4 https://oglobo.globo.com/cultura/representacoes-de-jesus-trans-negro-mulher-geram-embate-entre-fe-liberdade-de-expressao-1-24210576
5 http://www.marechalnoticias.com.br/noticias/geral/transexual-seminu-imitando-jesus-cristo-cruscificado-em-parada-gay-provoca-revolta/

Um comentário:

  1. Parabéns pelo artigo, Pr. Cleber!
    As Igrejas (locais) de Cristo precisam de confronto Biblico e seu texto atende a necessidade de retorno às Escrituras.

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