Antes de ser uma questão intelectual, o ateísmo prático é uma questão moral. Os “desconvertidos” negam a Deus não por falta de conhecimento, mas por causa de seus corações corrompidos
Marty Sampson. Foto: Reprodução |
Em 2019, segundo informações no Christian Post1, Marty Sampson, conhecido por seu trabalho com Hillsong Worship, postou em seu perfil no Instagram: “Estou genuinamente perdendo minha fé e isso não me incomoda…”. Também afirmou que para ele o cristianismo é como as outras religiões. Disse ainda acreditar que há contradições na Bíblia, e que se Deus é amor, não poderia mandar as pessoas para o inferno. Embora a postagem tenha sido apagada, os prints foram publicados em vários artigos na internet onde suas declarações foram reproduzidas e comentadas. Depois da repercussão do assunto, entretanto, o artista, que acompanha a equipe de louvor da Hillsong desde os 16 anos, esclareceu que não diria que “renunciou” à sua fé, mas que “está em um terreno incrivelmente instável”2.
O fato de haver ateus nas igrejas não é novidade. Em 2012, uma ex-pastora metodista, durante uma conferência de ateus realizada na cidade de Bethesda, Estado de Maryland, Estados Unidos, anunciou que havia se tornado ateia, pois não acreditava no que pregava. Em seu depoimento, Teresa MacBain, de 44 anos, afirmou que tomou a decisão de abandonar o ministério e assumir sua descrença por uma questão de consciência e lealdade com os fiéis que durante anos ouviram suas mensagens. “Agora me sinto bem”, afirmou.
Ainda em 2012 vários sites comentaram a declaração de Mike Aus, pastor de uma igreja luterana em Fort Worth, cidade do Estado do Texas, em entrevista à MSNBC, TV de notícias 24 horas, sobre sua “desconversão”. Agora ele se declara um “livre pensador”.
Em 15 de maio de 2016, o Portal Uol publicou matéria intitulada “Pastora evangélica provoca polêmica no Canadá após declarar que não acredita em Deus.” A pastora Gretta Vosper teria dito à BBC Brasil: “Não vejo nenhuma evidência de que Deus exista, especialmente aquela figura benevolente que tem tudo sob seu controle.” Segundo o artigo, para ela “Deus é apenas uma metáfora sobre as relações que estabelecemos com o mundo”3.
Em 2020 o Correio Braziliense noticiou: “Jon Steingard, da banda gospel Hawk Nelson, diz não acreditar mais em Deus: o cantor canadense comunicou aos fãs pelas redes sociais”4. Filho de pastor e vocalista da banda desde 2004, o cantor teria publicado um texto extenso em seus perfis no qual disse que demorou para contar a verdade aos fãs.
Estes são apenas alguns casos de “desconversão”. Uma simples pesquisa nos buscadores apontam para incontáveis relatos de pessoas, dentre elas líderes espirituais e influenciadores, que declararam seu ateísmo. O abandono deliberado da fé, o que chamamos de apostasia, é um dos principais sinais dos “tempos trabalhosos”, como nos ensinou o apóstolo Paulo: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé…” (1 Timóteo 4:1). A Bíblia, sem dúvidas, está se cumprindo.
“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus…” (Salmos 14:1). Todo incrédulo é néscio, ou seja, tolo, insensato, sem percepção da verdade. O texto, entretanto, não trata de um ateísmo teórico, mas prático, caracterizado por uma vida cujas ações e pensamentos não levam Deus em conta. É provável que alguns sejam ateus por certas conveniências. Para estes é possível que o desvio da fé não se dê por questões intelectuais, mas morais. Matthew Henry nos diz que “nenhum homem pode dizer: ‘Não há Deus’, sem que esteja a tal ponto endurecido no pecado, que tenha como seu especial interesse a não existência de alguém que o chame a prestar contas”.
Seja como for, me parece que certos indivíduos passam a ter tanto prazer no pecado que preferem se declarar ateus. Talvez isso lhes seja um tanto ‘confortável’, por desviar a atenção da realidade do implacável juízo daquele cuja existência passaram a negar. Outros, no entanto, preferem, também por conveniências, permanecerem como incrédulos ocultos. Certo é que muitos estão entre nós, mas jamais experimentaram o novo nascimento. São, por natureza, como aqueles aos quais João se refere ao dizer: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 João 2:19) — Se são “desconvertidos” é porque nunca se converteram; se são incrédulos ocultos, é porque nunca foram crentes; na prática, são todos ateus.
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