Retiremos do caminho as pedras do desespero, das dúvidas, dos questionamentos que se opõem à fé, ou de qualquer outro sentimento ou atitude que nos impeça de contemplar o agir de Deus
Imagem: Falco, por Pixabay |
“Tirai a pedra […]. Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11:39,40)
Ao pegar os resultados dos exames, as preocupações de Joana foram confirmadas: um linfoma não-Hodgkin, agressivo, tiraria a sua vida em poucos meses. Joana tinha apenas 39 anos, era boa esposa, mãe dedicada, crente fiel e muito querida. Embora ela se portasse exemplarmente diante do sofrimento, dando excelente testemunho de sua fé, o esposo Renato agia como um incrédulo questionador: Por que Deus permitira que sua adorável esposa fosse acometida desta terrível doença? Como ele criaria sozinho seus dois lindos filhos? Diante de situações tão difíceis, às quais todos estamos sujeitos, não havendo respostas satisfatórias para os questionamentos humanos, há os que confiam que Deus está no comando, e que Ele sabe o que faz, e há os que se revoltam, que duvidam de Seu poder, de Sua bondade e mesmo de Sua existência.
Ao ver Jesus, lançando-se aos seus pés, Maria desabafou: “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Tal expressão poderia, talvez, ser traduzida em perguntas: “Onde o Senhor estava quando meu irmão adoeceu?”; “Por que o Senhor se atrasou?” A fé que produz questionamentos parece exigir de Deus uma explicação óbvia para certos acontecimentos. No caso de Maria, ela não duvidou do Senhor, mas pareceu lamentar Sua “ausência”. A sensação enganosa de muitos que sofrem é a de que Deus não está presente, ou de que está atrasado.
O que muitas vezes não sabemos é que “esta enfermidade”, ou outra adversidade extrema pela qual venhamos a passar, não é para nossa destruição ou morte (embora a vida passe de um ou de outro jeito), “mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado” (v.4). É assim que, se Lázaro não morresse o Senhor não o ressuscitaria para espanto dos homens e demonstração de Seu poder. Como diz frequentemente um amigo, “Deus não se atrasa nem se adianta, Ele faz tudo a seu tempo”, e eu acrescento: Para a sua glória!
Foi a partir de sua própria experiência que John Piper escreveu o livreto “Não desperdice o seu câncer”. Ele viu em sua enfermidade um “bom propósito” de Deus, “um meio repleto de esperança cujo fim é dar mais valor a Jesus”.
As palavras do Senhor — “Tirai a pedra […]. Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (vs. 39,40) — devem ser para nós uma admoestação para que retiremos do caminho as pedras do desespero, das dúvidas, dos questionamentos que se opõem à fé, ou de qualquer outro sentimento ou atitude que nos impeça de ver o mover divino. Aquele momento em que muitos considerariam ser “tarde demais”, quando já não há esperança, — “Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias” — deve ser uma preciosa oportunidade para a afirmação da fé e testemunho cristão.
O agir do Todo-poderoso é para Sua exaltação, e mesmo a nossa dor pode ser oportunidade para a manifestação de Seu poder. Assim como a luz na escuridão, é nas adversidades mais extremas que os homens podem ver mais nitidamente a glória de Deus. Pense nisso!
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