A Palavra: 2022

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O maior presente

O menino deitado numa manjedoura foi o maior presente já dado à humanidade: Ele é o próprio Deus, que a si mesmo se deu por nós

Jesus bebê
Imagem: Pixabay
Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16 — grifo do autor)

Há uma frase muito conhecida que virou chavão, principalmente entre os evangélicos, extraída de uma canção que diz que “o melhor de Deus ainda está por vir”. Tal afirmação contraria João 3:16, onde lemos que Deus nos “deu o seu Filho unigênito”, que é Jesus. Sendo Ele a revelação perfeita do Pai — de modo que “quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9) — tendo sido profetizado por Isaías como o “Deus conosco” (Isaías 7:14; Mateus 1:23), que expectativa podemos ter de algo melhor que o próprio Senhor? Quem ainda espera o “melhor de Deus” não compreendeu o verdadeiro sentido do Natal. Talvez o cenário do menino de família humilde deitado num cocho para animais, e o estábulo fétido — nada comparável aos presépios iluminados de hoje — possa ser ilustrado por um porta-joias velho, sem beleza, que guarda um diamante de valor inestimável, cujo brilho intenso ofusca a visão.

Tudo que o Eterno nos dá é bom. Se tentássemos fazer uma lista das bênçãos recebidas pela bondade do Pai, ela seria imensa e, certamente, por falta de memória nos esqueceríamos de muitas coisas.

O apóstolo Paulo disse certa vez: “Aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade”. Em outras palavras, ele estava dizendo: “eu posso suportar todas as coisas sem me abater, porque o meu contentamento está em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:11,12). Há uma música, intitulada “Razão da Minha Fé”, cuja letra ilustra bem o sentido das palavras de Paulo:

Me falte água ou alimento, ou suprimento para o amanhã que vem.
Se nos olhos me faltarem toda luz, só não me falte a presença de Jesus.

Sua presença é a razão da minha fé, sua presença me conduz onde estiver…

Me falte o vento, o mar e o sol, onde estiver sei que não vou me abalar. Se na seara o meu trigo não produz, só não me falte a presença de Jesus.

Quando experimentamos Jesus descobrimos que nada há mais precioso que Sua presença; de todas as bênçãos, Ele é a melhor! Tudo pode nos faltar, podemos suportar qualquer coisa, mas não podemos viver sem Ele! O Natal nos mostra que o melhor de Deus já veio — aquele menino deitado numa manjedoura foi o melhor presente que a humanidade já recebeu. Pense nisso!


Em dezembro de 2020

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

O vínculo entre o membro e a igreja

Se você decidiu ser membro de alguma igreja por entender que a mensagem por ela transmitida é fiel à Palavra de Deus, parabéns, mas se o motivo foi outro, precisa repensar as bases deste vínculo e a sua própria fé

Bíblia
Imagem: Pixabay
Pr. Cleber Montes Moreira

“Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns…”
(Hebreus 10:25)

Tenho refletido bastante sobre o que determina o vínculo entre o membro e a igreja à que pertence, e percebo que a resposta não se baseia mais na convicção bíblica nem na fidelidade doutrinária. Pessoas há que já não escolhem pertencer a uma igreja pela confiança de que sua mensagem seja fiel à Bíblia. A coerência entre a pregação e as Escrituras já não é determinante na hora de se filiar a uma igreja ou denominação. Infelizmente este vínculo se estabelece por outros motivos e/ou interesses como, por exemplo, sensação de bem-estar, falso avivamento, louvor extravagante, entretenimento, púlpito “politicamente correto”, promessa de prosperidade, emocionismo, experiencialismo etc. Além disso há os que se tornam membros de igrejas por causa de vínculos pessoais de parentesco ou de amizade. É comum um rapaz ou moça se casar com alguém de outra fé e trocar de denominação. Há os que mudam de endereço e tornam-se membros de alguma igreja de outra fé tão somente pela localização próxima de suas residências. A razão já não é a Bíblia, mas outros fatores que são colocados acima da fidelidade aos ensinos e valores do evangelho.

Por falta de conteúdo e base bíblica, muitos cultivam o pensamento de que as denominações evangélicas são todas iguais. “O importante é servir a Deus, não importa em que igreja”; “Deus está em todo lugar” — dizem. Tal pensamento nos revela que há crentes que vivem uma crise de identidade, moldados em um ambiente em que impera o chamado “evangelho antropocêntrico”, ditando a conduta e as escolhas de membros itinerantes num universo sem fronteiras éticas e doutrinárias, em que princípios são relativizados.

Em função da decadência espiritual, de princípio e de valores das igrejas secularizadas, as que se orientam pelo ensino bíblico estão sofrendo uma onda de evasão. As congregações que não contemplam os interesses pessoais dos (in)fiéis, que não cativam a ‘clientela’ com eventos e espetáculos, que não adotam a falsa contextualização, nem ressignificam as Escrituras para suavizar a mensagem da cruz tendem a perder membros para as que assim fazem. O próprio Jesus, cuja mensagem não era “politicamente correta”, que denunciava o pecado e a necessidade de arrependimento, ao se declarar como o Pão da vida em vez de ofertar o pão material, ou seja, atender às demandas da plateia, foi abandonado por muitos ouvintes ainda inconversos: “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”, e “Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele” (João 6:60,66).

Você já se perguntou sobre a razão pela qual é membro de sua igreja? Ou, em que se baseia seu vínculo com sua igreja? Ou ainda, "por que sou batista"?

É urgente resgatarmos o espírito dos crentes bereanos que se guiavam pela Palavra de Deus "examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (Atos 17.11).

Se você decidiu ser membro de alguma igreja por entender que a mensagem por ela transmitida é fiel à Palavra de Deus, parabéns, mas se o motivo foi outro, precisa repensar as bases deste vínculo e a sua própria fé.


Em 13 de agosto de 2010.
Atualizado em 27 de dezembro de 2022

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Quem conhece a Jesus, conhece o amor

A afirmação de que Deus nos “amou de tal maneira” aponta para a suprema expressão do amor, todavia, pela limitação do vocabulário humano, sem poder descrevê-lo em sua imensidão

presépio
Imagem: Pixabay

Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16 — grifo do autor)

O amor verdadeiro não é um mero sentimento, algo estático, mas ativo. É altruísta. Quando Deus amou o mundo Ele não fez um discurso, escreveu um poema, compôs uma canção, mandou flores…, embora encontremos na Bíblia belíssimas declarações sobre o amor divino. O apóstolo Paulo escreveu que Deus provou o seu amor para conosco ao entregar Cristo para morrer em nosso lugar, na cruz, estando nós em inimizade contra Ele por causa do pecado (Romanos 5:8).

Talvez uma mãe ou um pai ouse morrer em lugar de um filho, um irmão em lugar de outro, um cônjuge em lugar da pessoa amada, ou mesmo um amigo em lugar de alguém muito especial, mas quem morreria em lugar de um inimigo? Porém, a grandeza do amor divinal está “não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10). João diz que Deus nos “deu o seu Filho unigênito” (João 3:16). Isso pode parecer loucura. De fato este amor transcende nosso entendimento. Paulo afirmou que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem” (1 Coríntios 1:18), entretanto, esta ‘loucura’ é a maior prova de amor já vista. Como este amor, em toda a sua dimensão, não pode ser traduzido em palavras humanas, pode ser este o motivo de João, inspirado pelo Espírito, ter escrito: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira…” E o que isso significa? Que não há em todo o universo algum outro amor, nem mesmo o amor de mãe, nada que o pensamento humano possa conceber, nada que possa ser descrito ou sonhado que possa, ainda que palidamente, ilustrar com fidelidade o amor do Pai. Portanto, a afirmação de que Deus nos “amou de tal maneira” aponta para a suprema expressão do amor, todavia, pela limitação do vocabulário humano, sem poder descrevê-lo em sua imensidão.

Nossos saudosos poetas escreveram,“se os mares todos fossem tinta e o céu sem fim fosse papel, se as hastes todas fossem penas e os homens todos escrivães, nem mesmo assim o amor seria descrito em seu fulgor”; de modo que “quem pode o seu amor contar? Quem pode o seu amor contar? O grande amor do Salvador quem poderá contar?”

Se não podemos, por nossas limitações, esquadrinhar o amor de Deus, podemos experimentá-lo por meio do relacionamento íntimo com Ele. Quem conhece a Jesus, conhece o amor. Pense nisso!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O diabo ainda teme nossas orações

As orações silenciosas e “inoportunas” de Isabel Vaughan-Spruce é um recado para todos nós: precisamos orar mais, com mais fervor, colocando diante do Eterno as questões de nosso tempo, nossas indignações e sede de justiça

Isabel Vaughan-Spruce
Isabel Vaughan-Spruce - Foto: ADF UK
Pr. Cleber Montes Moreira

“A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”
(Tiago 5:16)

Isabel Vaughan-Spruce, voluntária do grupo de oração ‘40 Days for Life’, dedicado a orações pró-vida foi presa por orar em frente a uma clínica de aborto na cidade de Birmingham, no Reino Unido. Ao ser indagada pelo policial sobre o que estava fazendo ali, ela respondeu: “Fisicamente, só estou parada aqui.” Perguntada se estava protestando, prontamente negou: “Não. Não estou protestando”. O agente prosseguiu: “Você está orando?” Sua resposta foi: “Posso estar orando em minha mente”. Logo após, ela recebeu ordem de prisão com base numa lei sobre “comportamento antissocial”. O fato, noticiado em vários canais cristãos, foi destaque em postagem de Ivan Kleber, jornalista e correspondente internacional em Londres, no Twitter1.

Não foi um protesto, não foram palavras de ordem, não foram cartazes com frases de condenação ao aborto, mas as orações silenciosas de uma mulher solitária que constituíram no ato inadequado e de ‘importunação’ digno de sua prisão. Apenas orações em pensamento! E que orações poderosas! — tão poderosas e perturbadoras que têm até leis que as coíba. Mais eficazes que protestos de multidões histéricas. E o incômodo causado por aquela mulher é a prova inconteste de que o diabo ainda teme as orações dos filhos de Deus. Sim, porque “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5:16).

De fato, quando oramos adequadamente incomodamos muita gente. “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós”, mas porque era justo e suas orações conformadas à vontade de Deus, elas foram ouvidas (Tiago 5:17).

As orações silenciosas e “inoportunas” de Isabel Vaughan-Spruce é um recado para todos nós: precisamos orar mais, com mais fervor, colocando diante do Eterno as questões de nosso tempo, nossas indignações e sede de justiça. Isso é diferente das “noites de vigílias” e orações com artistas gospel, das orações previsíveis, robóticas, repetitivas, insossas, dissociadas da santidade… abomináveis para Deus (Isaías 1:1-15). As orações do justo, ainda que feitas silenciosa e solitariamente, tocam os céus e incomodam o reino das trevas. É assim que os filhos de Deus resistem ao mal. Pense nisso!

Em 22 de dezembro de 2022


1  https://twitter.com/lordivan22/status/1606056433014886400 (acessado em 22 de dezembro de 2022)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Humilde exaltado

"E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem." (Lucas 2:7)

Manjedoura
Imagem: Pixabay
Pr. Cleber Montes Moreira

Há quem tenha mesa farta no Natal,
E há quem não tenha um prato especial.
Há também gente faminta,
Sem lar nem pão,
Sem roupas bonitas,
Sem esperança,
Sem sorrisos,
Sem brilho nos olhos,
Sem luz na vida…

Por isso Jesus se fez pobre,
E numa manjedoura foi colocado:
Entre humanos Deus veio ao mundo,
Para na pobreza manifestar riqueza,
Para do faminto ser da Vida o Pão,
Para ao sedento oferecer Água Viva,
Para o sem rumo ser o Caminho,
E, ao perdido conceder Salvação.

Sua vida Ele entregou,
Em sua glória se humilhou
Sem pecados, o nosso fardo carregou
Para na cruz morrer por quem o rejeitou.

A morte Ele venceu,
A tumba fria deixou ao terceiro dia,
Aquele que se humilhou foi exaltado:
Na manhã esplendorosa, em glória luzia
O rosto glorioso do Salvador
E eterno Senhor.

Na sua morte, morremos
Na sua ressurreição, ressurgimos
Naquele que vive, ganhamos vida
E, na esperança de sua vinda, cremos:
Tal como Ele é, nós seremos.


Dezembro de 2019

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Deus conosco

No Natal celebramos o “Deus conosco”, aquele que se fez homem para oferecer salvação, e por meio dela introduzir cada pecador arrependido na comunhão eterna com Ele

presépio
Presépio: Praça de Bíblia, Cajati (SP), em dezembro de 2022

Pr. Cleber Montes Moreira

“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco.” (Mateus 1:23)

O Profeta Isaías nos apresenta alguns nomes pelos quais o menino Jesus seria chamado: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Voltando um pouco no livro que leva o nome do profeta, encontramos ainda: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Isaías 7:14). Ainda há, em toda a Bíblia, outros nomes atribuídos ao Salvador, todos eles lindos, importantes e com significados relevantes. Entretanto, se fosse escolher um nome como o meu preferido, este seria “EMANUEL”. A escolha é pelo seu significado: “Deus conosco”.

O desejo do Pai celeste é relacionar-se intimamente com os homens. Para isso fomos criados, para vivermos em comunhão com Ele, objetivo este frustrado por causa do pecado, que impôs uma barreira entre Criador e criatura (Isaías 59:2). Porque pecamos, desprovidos estamos da glória e da vida com Ele (Romanos 3:23). 

A vinda de Cristo ao mundo é para reconciliar os homens com Deus, por isso Ele se fez o “Deus conosco”, como descreveu João: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14). A palavra usada por João, traduzida por “habitou”, tem o sentido de “tabernaculou”. Assim, a mensagem do texto é a de que Cristo, sendo Deus, se fez carne e tabernaculou conosco. O significado de tabernacular está explícito em Levítico 26:11,12, que diz: “E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará. E andarei no meio de vós, e eu vos serei por Deus, e vós me sereis por povo”. Emanuel quer dizer exatamente isso: Deus conosco — Deus que está entre nós!

Nosso Deus não é Deus distante, insensível, indiferente, mas Deus que busca atrair os homens para Si, para um relacionamento vivo e pessoal com Ele. Por isso o Verbo se fez carne, para estar conosco, para reconciliar-nos com Deus. E a promessa feita em João 14:1-3 aponta para uma realidade futura, quando Deus tabernaculará com seu povo para sempre, cumprindo, assim, Seu desejo expresso no texto de Levítico, citado anteriormente: “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Apocalipse 21:3).

A mensagem do nascimento de Jesus é, portanto, a de que o Eterno, por meio de Cristo, veio ao mundo para nos reconciliar com Ele, para ser o nosso Deus e fazer de nós o seu povo. 

O “Deus conosco” é realidade para aqueles que aceitam a Boa Nova de Salvação e declaram a Cristo como Senhor e Salvador. Você já fez isso? Já aceitou entrar para a comunhão com o EMANUEL? Pense nisso!

O Jesus real e o imaginário

A admiração e o afeto demonstrado pelo menino de Belém, rodeado de animais e outras peças de cenários natalinos, contrastam com a realidade encontrada pelo Salvador ao vir ao mundo, e revelam a distância entre o Jesus Cristo imaginário e o real

presépio
Imagem: Pixabay

Pr. Cleber Montes Moreira

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11)

Encantada com a beleza do presépio montado na pracinha da cidade, referindo-se ao bebezinho na manjedoura, Aninha exclamou: “Que fofinho!” A admiração e o afeto demonstrado pelo menino de Belém, rodeado de animais e outras peças de cenários natalinos, contrastam com a realidade encontrada pelo Salvador ao vir ao mundo, e revelam a distância entre o Jesus Cristo imaginário e o real. Em vez de recepção calorosa, João descreve, numa das notas mais tristes da Bíblia, a atitude dos judeus em relação a Jesus: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”. Sim, o Salvador foi rejeitado por seu próprio povo; aqueles que aguardavam aquele de quem as Escrituras falavam, foram os que o rejeitaram. As profecias de Isaías se cumpriram com exatidão: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum (Isaías 53:3 — grifo do autor).

Israel esperava um outro cristo, diferente do prometido. O mundo adora outro cristo, um cristo imaginário, condescendente, subserviente, projetado para atender as expectativas de pecadores não arrependidos. Um cristo que, segundo as ‘teologias’ modernas, pode ser pobre, favelado, refugiado, preto, mulher, transexual, ou qualquer outra coisa porque é moldável; um cristo “fofinho”, “acolhedor”, inofensivo, complacente…este cristo é festejado, porém o Cristo, o verdadeiro, continua sendo rejeitado, inclusive esquecido de certas celebrações natalinas.

Dentre muitas diferenças entre o cristo imaginário e o real, destaco aquela que está na sequência do texto de João: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (João 1:12). Isso, nenhum cristo “fofinho” pode fazer, porque “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Pense nisso!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Os salvos e a prática comum das orações

Precisamos recobrar a prática da oração em sua essência e valor, com a mesma perseverança, ardor e unidade, tal como entre os primeiros cristãos

Oração
Imagem: Unsplash
Pr. Cleber Montes Moreira

“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.”
(Atos 1:14).
 

As orações faziam parte do cotidiano dos primeiros cristãos. Aqui temos, além desta confirmação, o relato de que aqueles que obedeceram à ordem do Senhor, para que permanecessem em Jerusalém até o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, estavam unidos com os demais em oração por este objetivo.

O verbo grego traduzido por “perseveravam”, cujo significado é “participar constantemente”, indica uma ação contínua, persistente, feita com intenso esforço e apesar das dificuldades1. “Unanimemente” significa “com uma mente, por unanimidade”2. No texto vemos pessoas com uma mesma mente — a mente de Cristo —, movidas pelo mesmo ardor, unidas pela fé e praticando a oração com a mesma intenção.

Hodiernamente, para muitos a oração deixou de ser uma prática habitual para ser um grande desafio. A vida corrida, o cardápio de entretenimentos, o individualismo, a falsa sensação de segurança, o desânimo e outros fatores cooperam para o arrefecimento espiritual. E mesmo quando crentes se reúnem, se cada um é movido por interesses particulares, já não há unidade de pensamento nem de propósito que dão sentido às reuniões. É necessário, portanto, recobrar a prática da oração conforme vemos no texto, em sua essência e valor, com a mesma perseverança, ardor e unidade.

Tenhamos em mente que os grandes atos e manifestações de Deus no meio de seu povo geralmente são precedidos da oração. Em Atos 2 lemos que enquanto “estavam todos concordemente no mesmo lugar” (2:1), Deus derramou sobre eles o Espírito Santo, e foram cheios de poder para testemunhar. O resultado foi que “foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. A seguir o texto nos mostra que os novos salvos incorporaram o espírito de unidade e a prática dos primeiros, de modo que “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (2:41,42). A unidade, a persistência e a prática daqueles irmãos deve ser um estímulo para nós.

Que para você, não obstante as dificuldades, o exercício da oração, tanto individual quanto com os demais crentes, não seja um peso indesejável, mas um prazer habitual no qual você persevere. Pense nisso!


1 Grego proskartereó: participar constantemente. https://bibliaportugues.com/greek/4342.htm

2 Grego homothumadon: com uma mente. https://bibliaportugues.com/greek/3661.htm

sábado, 3 de dezembro de 2022

Os deuses Morrem

Os deuses morrem, e os sepulcros comprovam isso…

Já que estamos em dias de Copa do Mundo, republico um texto atualizado sobre a morte do maior jogador da história da Argentina e lenda do futebol mundial, Diego Armando Maradona, que morreu na quarta-feira, dia 25 de novembro de 2020, aos 60 anos.
Maradona
Foto de Juan Pablo Mascanfroni em Unsplash

Atualizado em 03 de dezembro de 2022

Pr. Cleber Montes Moreira

O Jornal francês “L’Eequipe” publicou no dia 26 de novembro de 2020: “Deus está morto”1. Os deuses morrem, inclusive os “imortais”. Quando morre um deus, morre também a alegria, a fé e a esperança de seus fiéis. Esta verdade ganhou destaque na publicação do Jornal Extra, intitulada: “Igreja Maradoniana convoca ‘culto’ para se despedir de Maradona.”2 Já o Metrópolis grafou: “Fiéis de luto”3 — sim, fiéis de luto pela morte de seu deus.

Maradona era um deus. De fato, com a sua morte ele conseguiu algo que só um ser divino poderia realizar: contrariando as leis naturais ele anulou, ainda que apenas pelo período de seu funeral, o perigo mortal que fez com que o governo argentino adotasse as regras mais rígidas possíveis para o enfrentamento do coronavírus. Tanto que os jornais da época exibiram imagens de pessoas aglomeradas, algumas de máscaras, outras sem, ao redor da Casa Rosada onde as autoridades esperavam cerca de um milhão de pessoas — talvez bem mais — para o velório de seu ídolo.

O craque argentino está certamente entre os dois ou três maiores jogadores de futebol da história. Com a bola um gênio, sem ela um ser falho, um pecador, um mortal… Para a morte não há reis, príncipes, nem deuses.

Os deuses morrem. Morrem porque são deuses, feitos assim pelos homens. Como seres criados, os deuses são à semelhança de seu criador. “Aos homens está ordenado morrerem uma vez,” e também aos deuses, “vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9:27). Sim, também os deuses terão que prestar contas a Deus, àquele “que tem, ele só, a imortalidade”, “ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus”, diante do qual todo joelho se dobrará (1 Timóteo 1:17; 6:16; Romanos 14:11; Filipenses 2:10).

Os deuses morrem, e os sepulcros comprovam isso, mas Deus é eterno. Quem adora um deus um dia estará de luto, ou, se partir antes, perdido eternamente, mas os que adoram ao Senhor não serão confundidos, nem envergonhados, pois Ele é eterno.

Se o teu “deus está morto”, saiba que “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8); Ele “é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5:20). Pense nisso!


1 https://www.lequipe.fr/abonnement/kiosque/le-journal/ab2ba183-ce7b-4c28-882d-006475cc446d (em 26 de novembro de 2020)

2  https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/igreja-maradoniana-convoca-culto-para-se-despedir-de-maradona-24764748.html (em 25 de novembro de 2020).

3 https://www.metropoles.com/esportes/futebol/fieis-de-luto-reveja-historia-da-igreja-de-maradona-da-argentina (em 25 de novembro de 2020)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Chuvas e avivamento

O verdadeiro avivamento não se constata necessariamente no que fazemos, mas em como Cristo vive em nós; é a manifestação da sua vida na vida do salvo

Igreja Batista de Vila Antunes
Foto: vista do templo da Igreja Batista de Vila Antunes

Pr. Cleber Montes Moreira

“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.” (Salmos 122:1)

Domingo passado choveu copiosamente, de modo que nestas condições seria natural qualquer pessoa justificar sua ausência na reunião cúltica. Além disso, sabemos que o acesso ao nosso templo impõe certas dificuldades que, em circunstâncias normais, já seriam suficientes para desmotivar aqueles que buscam alguma desculpa para não congregar: a estradinha arborizada é íngreme, e a escadaria seria um fator de desânimo para muitos e uma justificativa para os irmãos da ‘melhor idade’. O acesso asfaltado exige ainda mais esforço físico para quem não tem condução própria. É que nosso templo fica num local elevado. Embora tenhamos uma visão privilegiada de parte da cidade (e eu amo esta vista!), e o local seja lindo e aprazível, sabemos que para os desinteressados as dificuldades são mais relevantes que a beleza do lugar e o prazer da comunhão com os irmãos.

Faltando alguns minutos para o início do culto, poucos haviam demonstrado coragem suficiente para superar os obstáculos do mau tempo. Sinceramente pensei que naquela noite seríamos uns cinco, ou no máximo uns dez. Entretanto, para minha surpresa e alegria, logo vários outros irmãos foram chegando, de modo que nossa reunião, contra todas as expectativas, foi excelente em número e em qualidade. Até brinquei com a igreja: que bom que aqui temos crentes de verdade! Fato é que devemos estar sempre dispostos a oferecer a Deus um culto sacrificial — “porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que não me custem nada” (2 Samuel 24:24). Sei que mesmo aqueles que não podem comparecer por causa de enfermidades e/ou outros impedimentos, não importando como ou onde estejam, devem dar a Deus o seu melhor com alegria. Afinal, em toda e qualquer situação Ele está conosco, e nele está o nosso contentamento.

Recente tivemos uma semana de oração quando pedimos a Deus para avivar a sua obra entre nós. E Ele tem nos respondido prontamente. Temos aprendido que avivamento espiritual não se mede pela quantidade, pelo volume do som, pelos “sermonetes” que intercalam os louvores — muitas vezes sem fundamento bíblico —, pelas entradas financeiras, pelos eventos que possamos realizar, mas pela ação de Deus em nos fazer mais e mais parecidos com o Senhor Jesus; o verdadeiro avivamento não se constata necessariamente no que fazemos, mas em como Cristo vive em nós; é a manifestação da sua vida na vida do salvo — “vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).

Avivamento não é estardalhaço. Crentes avivados são operosos e cheios de alegria em servir, e não precisam ostentar. E é exatamente isso que temos visto acontecer em nossa igreja: pessoas motivadas pelo prazer de adorar, que sentem alegria na comunhão com os irmãos, que oram umas pelas outras, que praticam a mutualidade, que se reúnem buscando oferecer a Deus um culto cristocêntrico, e que se esforçam para cumprir sua missão no mundo como igreja do Senhor. É fato que temos um grande caminho a percorrer na busca pelo aperfeiçoamento em Cristo, mas é verdade que, na dependência do Espírito, vemos isso acontecendo dia após dia.

Tem chovido muito, é verdade. Mas temos sido agraciados com abundantes chuvas de bênçãos — o jardim do Senhor, a igreja, está mais verdejante, e isso se verifica também na alegria dos irmãos em comparecer à casa de culto. Que nisso cresçamos ainda mais. Sigamos orando e trabalhando neste sentido.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

A alegria da liberalidade

Aqueles que não têm prazer em Deus, que não confiam em sua providência, jamais encontrarão contentamento em outra coisa

dízimos
Imagem: Pixabay
Pr. Cleber Montes Moreira

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)

Conta-se que certa mãe queria ensinar sua filha a alegria da generosidade. Ela lhe deu duas moedas, uma de um dólar e outra de vinte e cinco centavos para levar à igreja no domingo, e disse-lhe que ela poderia doar qualquer uma das moedas, que a escolha seria sua. Na volta, a mãe perguntou à filha o que ela havia depositado no gazofilácio. A resposta foi: “Eu teria ofertado a moeda de um dólar, mas o pregador disse que devemos dar com alegria. Eu sabia que ficaria mais alegre se doasse os vinte e cinco centavos.”

Você pode querer não acreditar, mas certa ocasião ouvi de um diácono que se ele podia pegar o dinheiro dos dízimos e ir ao açougue comprar carne, porque ele o entregaria na igreja? Sua família era desajustada, e a liberalidade não era um hábito. Por mais que ele e a esposa trabalhassem, não prosperavam. A história daquela família está marcada por vários eventos que minavam sua economia: acidentes, assaltos, enfermidades etc. Assim o dinheiro dos dízimos não era entregue apenas no açougue e no mercado, mas também na oficina, na farmácia, e levado por ladrões.

Há muita gente que não descobriu a alegria da liberalidade, que não se compraz em dizimar e ofertar. Normalmente são pessoas egoístas e infelizes, que na busca por satisfação acabam frustradas. Aqueles que não têm prazer em Deus, que não confiam em sua providência, jamais encontrarão contentamento em outra coisa. Ainda não descobriram que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (Atos 20:35), e que “ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda” (Provérbios 11:24).

Quando o assunto é contribuir para a obra de Deus, o que temos proposto em nossos corações? Ao dar com alegria, a “viúva pobre” revelou onde estava o seu contentamento; enquanto os demais deram do que lhes sobrava, ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía (Marcos 12:44). E o mais importante: Jesus que a observava conhecia seu coração; ele sabia que ela o fazia prazerosamente (Marcos 12:41-44). Seu gesto ficou registrado como lição para a posteridade. Pense nisso!

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Como Judas ou como Maria?

Porque é Deus quem em seu tempo revela as intenções dos corações e desnuda o caráter dos homens

verdades versus narrativas
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.” (João 12:3)

O ato de Maria foi um sacrifício cúltico, um gesto de grande generosidade de quem ofereceu seu melhor para o Mestre. Entretanto, ela foi incompreendida e duramente criticada por Judas, que disse: “Por que não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? (João 12:5) — em outras palavras, “Por que este desperdício quando há tanta gente passando fome?”

Cuidar dos pobres é realmente algo que devemos fazer, porém, aquela acusação não consistia numa preocupação honesta com os menos favorecidos, mas num ‘discurso politicamente correto’ de quem tinha segundas intenções.

Pessoas como Judas, cheias de pensamentos desonestos e motivadas por interesses próprios, não podem oferecer a Deus um culto sacrificial, mas, certamente, estão de prontidão para criticar maliciosamente aqueles que o fazem; e suas narrativas podem estar carregadas de ‘conceitos morais’ que as tornem ‘fundamentadas’ e bem acolhidas pelos ouvintes — uma narrativa desonesta, se bem formulada, pode tornar um ato digno e elogiável num pecado a ser combatido. Geralmente é assim que as massas são manipuladas. E os Judas de hoje podem estar no rádio, na TV, nas redes sociais, nos blogs, nos portais de notícias, nos púlpitos das igrejas e em outros meios e lugares plantando “informações” para destruir reputações, acusar pessoas de bem, e até mesmo criar uma imagem negativa sobre as igrejas. Há Judas especialistas em “checagem de fatos” — é assim que a “verdade oficial” se contrapõe à verdade real.

Judas Iscariotes, a despeito de sua ‘vestimenta de bondade’, era aquele que mais tarde trairia o Senhor. Sua objeção ao ato de Maria é explicada pelo próprio texto: “Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (João 12:6) — ele queria aquele valor na tesouraria, para dela subtrair.

Maria deu a Jesus o seu melhor, Judas considerou seu ato um desperdício. Maria prestou um culto verdadeiro, Judas cultuava a si mesmo. Maria hoje é lembrada por sua oferta, Judas por sua traição. No final a verdade sempre prevalecerá, porque é Deus quem em seu tempo revela as intenções dos corações e desnuda o caráter dos homens. Pense nisso!


sábado, 19 de novembro de 2022

Onde o céu começa

Não existe “lar doce lar” sem a presença de Cristo; com Ele até o mais humilde casebre irradia luz e alegria. A sua Palavra, lida e ensinada, amada e praticada, transforma nosso lar no lugar “onde o céu começa”

casa
Imagem: Pixabay

Pr. Cleber Montes Moreira

“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” (Deuteronômio 6:6-7)

Li no adesivo de um carro, uma frase muito interessante: “O céu começa em casa”. Logo pensei: se para alguns o céu começa em casa, para outros é lá que o inferno tem início. Penso que um lar com Jesus é céu, mas uma casa sem Ele é inferno.

A Bíblia diz que “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam…” (Salmos 127:1). Muitos querem edificar seus lares nas areias movediças da autossuficiência, de tradições familiares ou religiosas, do velho ou novo moralismo etc. Se esquecem de que todo esforço neste sentido é vão, e que somente é possível ter uma família equilibrada, sadia e firme diante das intempéries se ela estiver firmada na base sólida da Palavra de Deus.

A Bíblia é o manual para a formação de famílias saudáveis. Ela tem orientações para o esposo, a esposa, pais, filhos etc. Ela transmite valores eternos, e quem fizer caso deles será bem-sucedido. Podemos parafrasear assim o Salmo primeiro, versos 1, 2 e 3: “Bem-aventurada é a família que não vive segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.”

Sabemos que Satanás tem se esforçado para desfazer a Obra do Criador, e sua maior estratégia é destruir a família. Ele tenta afastar seus membros da presença de Deus, usando todos os meios possíveis, inclusive a mídia, para propagar valores invertidos. Traições, desobediência, rebeldia, desrespeito, inveja, ódio, violência, pornografia, ridicularização dos valores bíblicos, heterofobia, são apenas alguns ingredientes dos enredos de filmes, novelas e programas de auditórios da TV que entram nos lares e minam as colunas que dão firmeza às famílias. Às vezes de forma imperceptível, devagar, o pecado vai entrando e, quando se percebe, o estrago está feito.

Muitas lutas podem ser travadas nos lares, podendo ser motivadas por desvio dos cônjuges, brigas, consumo de álcool e drogas, consumismo, má administração do tempo, escassez de saúde, desemprego, falta de dinheiro etc. A família sem Jesus estará vulnerável a todas estas coisas, bem como propícia ao esfacelamento.

Se você quer que o céu comece em sua casa, precisa viver e ensinar os valores bíblicos em seu lar. Seus ensinos e seu exemplo terão papel poderoso e determinante na influência positiva da sua vida sobre os demais membros de sua família. Pense nisso!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Da sombra ou da luz?

A sombra nos proporciona sensação muito agradável; é local apropriado para descanso, conforto e abrigo do calor. Porém, é da luz que dependemos para uma vida saudável e operosa

Ipê amarelo
Foto: Cleber Moreira
Pr. Cleber Montes Moreira

“Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos.” (Salmos 92:13,14)

Roberta me mostrou um ipê amarelo florido. Uma planta com aspecto feio, raquítica, que cresceu à sombra de uma jaqueira. Está cheia de parasitas que sugam sua seiva. Nestas condições, não pode se desenvolver com naturalidade e alcançar pujança. Esta árvore está plantada no terreno ao lado do templo, e sua condição nos sugere uma importante reflexão: assim como aquele ipê, há crentes que vivem na sombra.

Sombra é lugar de descanso, de conforto, de abrigo do calor. A sombra nos proporciona sensação muito agradável. Roberta até já sugeriu colocar um balanço num galho daquela jaqueira que faz sombra ao ipê, para as crianças da igreja brincarem ali. Entretanto, pensando noutro sentido, sombra não é lugar de vida, de crescimento e fortalecimento, porque obstrui o sol que é indispensável à saúde. Pessoas depressivas buscam as sombras, pessoas saudáveis preferem a luz.

Muitos crentes não florescem nem frutificam porque vivem na sombra. Não falo de vida no pecado, de gente que não vem para a luz porque as suas obras são más, porque tem algo a esconder (João 3:20), mas de gente que vive da ‘espiritualidade alheia’, como se isso fosse possível. Gente que aprecia o louvor vibrante dos encontros cúlticos, mas que no cotidiano não honra a Deus; que pede orações, mas que não ora; que aprecia os sermões dominicais, mas não busca o crescimento pessoal pela leitura das Escrituras; que aplaude as conquistas da igreja, ou até apresenta sugestões que demandam trabalho e/ou gastos, mas não coopera financeiramente, nem com ofertas, nem com a entrega dos dízimos, nem com mão de obra; gente que ocasionalmente se comove com testemunhos missionários, mas que não evangeliza, que não contribui financeiramente para missões, não intercede com perseverança pelos missionários, nem chora desconsoladamente pelos perdidos; gente que faz votos ao Senhor, mas não os cumpre — gente acomodada à sombra das obras e da espiritualidade alheia, condição que dificulta o relacionamento com o Eterno e impede a frutificação.

Que esperar de crentes que vivem na sombra, senão uma vida espiritual atrofiada, como aquela exemplificada pelo nosso ipê? Ao contrário disso, o salvo que busca receber luz direta de Cristo, é por Ele vivificado, lança raízes profundas, cresce, espalha seus galhos e produz muitos frutos, cumprindo o papel pelo qual foi plantado pelo Senhor. Pense nisso!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Para que a nação seja bem-aventurada

É por meio de cada salvo, de seu trabalho e testemunho fervoroso, que Ele incendeia famílias, igrejas e sociedades. Mesmo uma pequena fagulha pode incendiar uma floresta

Fósforos
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança.”
(Salmos 33:12).

Há uma música cuja letra diz que “Um dia Deus olhou para esta nação e por ela se apaixonou de uma forma especial”. Esta é uma terrível heresia. Isso porque ‘paixão’ é um sentimento tão intenso que é capaz de alterar o pensamento e o comportamento, levando, muitas vezes, à ações irrefletidas e irracionais, e Deus jamais se deixaria levar por alguma paixão. Ele é perfeito, e nele “não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17); Ele não é movido por sentimentos ou impulsos que possam afetar seu caráter.

A escolha de Israel para o advento do Messias tem como objetivo alcançar indivíduos de todas as nações. Cristo deu a sua vida para com o seu sangue comprar para Deus pessoas de “toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Apocalipse 5:9), para que se que cumpra a palavra que diz: “e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Apocalipse 7:9 — grifo do autor). O Eterno derramou seu amor por todos, e não por um povo em especial, porque “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16 — grifo do autor).

É legítimo orarmos por um avivamento da nação, entretanto precisamos compreender que Deus trabalha a partir de indivíduos. É por meio de cada salvo, de seu trabalho e testemunho fervoroso, de cada vida ganha para Cristo — porque mortos não podem ser reavivados — que Ele incendeia famílias, igrejas e sociedades inteiras. Mesmo uma pequena fagulha pode incendiar uma floresta.

Somos responsáveis por nosso agir e escolhas. Como os demais cidadãos vamos às urnas escolher nossos representantes na política, e muitas vezes escolhemos mal, tal como Israel quando rejeitou a Deus e pediu um rei, e pagou caro por isso (1 Samuel 8). Muitos não gostam de conversar sobre política (e não falo de militância partidária), porque foram ensinados a pensar que o crente não deve se envolver com este assunto, e assim deixam de atuar na transformação da sociedade; não percebem que “quem não gosta de política é governado por quem gosta”. Outros se amoldam ao padrão secular e se associam na defesa e/ou na prática do mal, ignorando os valores das Escrituras e desprezando o próprio Deus; eles tornam-se motivo de escândalos ou mesmo de ódio e acusações contra as igrejas. Outros, apenas se calam diante do mal; indiferentes, com seu silêncio pecaminoso, praticam o “quem cala consente”. A verdade é que não existe “vida espiritual” dissociada de “vida social”.

Deus não tem preferência por uma nação, Ele não ama mais o Brasil que o Senegal, o Afeganistão, o Iraque, a Índia etc. Mas Ele escolheu um povo, e este povo tem responsabilidades para com este mundo, e precisa atuar como agente de transformação, a começar pelo próprio lar, para que também as igrejas, as cidades e o país inteiro seja influenciado pelo poder libertador do evangelho: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).

Sirvamos a Deus em integridade de vida. Oremos pelas autoridades constituídas, “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Timóteo 2:2). Oremos por todos as pessoas, porque Deus “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2:4). Testemunhemos pelo poder do Espírito Santo, a partir de nossa Jerusalém, até alcançarmos os confins da terra (Atos 1:8). Se desejamos e oramos para que a nação seja bem-aventurada, precisamos de um reavivamento real; precisamos viver como “o povo ao qual [Deus] escolheu para a sua herança” (Salmos 33:12). Pense nisso!

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Avivamento ou juízo?

Enquanto os quartos de oração estiverem vazios, enquanto não houver tristeza no coração, e choro compulsivo, e arrependimento sincero, e retorno às Escrituras e à santidade não haverá verdadeiro reavivamento

Oração
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Pr. Cleber Montes Moreira

“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7:14)

Ao terminar a construção do templo, Salomão orou e o Senhor lhe ouviu e lhe apareceu. Nesta aparição, Deus fez promessas tanto ao rei quanto ao povo que se reuniria naquela casa, que ele escolheu e santificou para a glória de seu nome. Ele declarou que seus olhos estariam abertos, e que seus ouvidos estariam atentos às orações ali feitas, e que sobre aquele lugar colocaria seu olhar e seu coração por todos os dias. Porém, estas promessas estavam condicionadas a um espírito de humildade, de busca sincera por sua presença e pelo andar reto.

Embora as palavras do Senhor tenham sido dirigidas a Israel, podemos tomá-las para nós, no sentido de que em qualquer tempo há bênçãos que estão condicionadas à obediência, bem como há advertências severas para aqueles cujo caminhar é reprovável.

Qual o porquê das orações não atendidas, de crentes sem fervor e de igrejas sem vida? Por quê tamanha sequidão espiritual? Eis que os céus se fecham, e não há chuvas, e os gafanhotos consomem a terra, e há pestes entre o povo (v.13). Não há lágrimas, nem choro, não há lamentos, nem quebrantamento… Porque muitos se desviaram, e abandonaram a Palavra do Senhor, porque se renderam ao padrão moral desta sociedade decadente, e passaram a viver para seus interesses (vs. 19,20); fizeram más escolhas, negociaram princípios e valores, tornaram-se inimigos da cruz a adoradores do próprio ventre (Filipenses 3:18,19). Eles ignoram que “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gálatas 6:7,8).

Templos cheios, barulho, eventos e festas bem elaboradas, “louvores extravagantes”, nem mesmo certas “manifestações sobrenaturais” evidenciam espiritualidade. Enquanto os quartos de oração estiverem vazios, enquanto não houver tristeza no coração, e choro compulsivo, e arrependimento sincero, e retorno às Escrituras e à santidade não haverá verdadeiro reavivamento. O perdão, a cura, e as respostas às orações dependem de um retorno para Deus — o contrário disso acarreta o juízo. Pense nisso!

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Avivamento é voltar-se para Deus

Reconhecer o perigo, os erros cometidos, arrepender-se, invocar sinceramente a Deus e adotar uma postura de obediência é impreterível para que haja condições para um reavivamento

reviver
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome.” (Salmos 80:18)


Segundo o Dicionário Online da Língua Portuguesa, avivamento significa “ação ou efeito de avivar ou avivar-se (tornar mais vivo).”1 Em termos espirituais, podemos dizer, de forma resumida, que avivamento é uma renovação espiritual, uma busca por mais intimidade com Deus, por mais fervor espiritual e dedicação no trabalho cristão. Pensando biblicamente, só pode ser avivado aquele que já tem vida em Jesus Cristo — esta não é, portanto, uma experiência possível aos incrédulos, nem mesmo aos meros membros de igreja que não passaram pelo novo nascimento.

O salmo 80 é uma oração por livramento de inimigos que contendiam contra a nação e dela zombavam (v.6). No verso 18 há um pedido para a conservação da vida diante das ameaças dos povos vizinhos, e a promessa de que a nação não viraria mais as costas para Deus, mas invocaria o seu nome. Aqui há arrependimento e promessa de uma conduta diferente: um viver novo, de compromisso e verdadeira dedicação ao Senhor.

É notório que a grande necessidade de um avivamento hoje decorre de que muitos crentes viraram as costas para Deus. Moldados por um padrão de vida secular, vivem para seus próprios interesses e prazeres, e isso se reflete na vida em comum, no seio das igrejas. Estas, por sua vez, cada vez mais se especializam para atender às demandas humanas em detrimento de seu compromisso com a pregação honesta das Escrituras; estão comprometidas com o entretenimento, com o evangelho social e outras “necessidades” e demandas temporais, contrariando a sua natureza e ignorando seu propósito no mundo para edificação e capacitação dos salvos para o cumprimento da Grande Comissão.

Quem ‘vira as costas para Deus’ perde a vivacidade, e torna-se vulnerável diante do feroz inimigo de nossas almas, o diabo. Reconhecer o perigo, os erros cometidos, arrepender-se, invocar sinceramente a Deus e adotar uma postura de obediência é impreterível para que haja condições para um verdadeiro reavivamento. Pense nisso!


1  https://www.dicio.com.br/avivamento/

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Não arranje confusão

Quem não tem o que fazer, corre o risco de se ocupar de algo que não deve. A mente desocupada tem grande possibilidade de se transformar num ‘escritório do mal’

maçã
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Pr. Cleber Montes Moreira

“E aconteceu que, tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra, enviou Davi a Joabe, e com ele os seus servos, e a todo o Israel; e eles destruíram os filhos de Amom, e cercaram a Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém. E aconteceu que numa tarde Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta mulher mui formosa à vista.” (2 Samuel 11:1,2 – Leia em sua Bíblia todo o capítulo)

Davi estava no lugar errado, na hora errada, quando olhou para a direção errada e desejou a coisa errada. Ele deveria ter ido para a guerra, mas não foi. Ainda não era noite, era tarde quando ocioso levantou-se de sua cama e foi passear no terraço da casa real, de onde sua vista alcançou uma linda mulher que estava se banhando. Em seu coração ele a cobiçou, e mandou investigar a seu respeito. Depois mandou buscá-la e deitou-se com ela, e ela engravidou.

Quando alguém, mesmo sendo crente, deixa de lado suas obrigações, dá lugar a ociosidade e fica com sua mente desocupada, o pecado encontra condições favoráveis para florescer. Há um adágio que diz que “mente vazia é oficina do diabo”. Quem não tem o que fazer, corre o risco de se ocupar de algo que não deve. O rei tinha tudo, mesmo assim tomou a única cordeira de um homem pobre, ou seja, adulterou com sua mulher. Mais que isso, para legitimar seu caso amoroso articulou a morte de Urias, pessoa justa e cumpridora de seus deveres.

Quantos males um pecado pode causar? Davi desprezou a Palavra de Deus, e fez o que não devia. O adultério custou-lhe muito caro. A espada não mais saiu de sua casa, e coisas terríveis sucederam sobre sua família. Do que plantou colheu em abundância.

Alguém desocupado está sempre em condições de arranjar alguma confusão. Portanto, ocupe-se com coisas boas, honestas e que edificam. Procure colocar seu foco e pensamento nas coisas de cima, e não nas que são da terra, para não alimentar desejos carnais que possam levá-lo às práticas pecaminosas (Colossenses 3:2; Gálatas 5:16).

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Impulsos sexuais e santidade

Dominada por um ‘modo de pensar’ destoante do evangelho, nossa sociedade tem abandonado valores importantes, que precisam urgentemente ser resgatados, dentre eles a fidelidade conjugal e o conceito de que o enlace matrimonial deve ser para a vida toda

Maçã mordida
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Pr. Cleber Montes Moreira

“A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o próprio corpo de maneira santa e honrosa, não com a paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus.” (1 Tessalonicenses 4:3-5 — NVI).

Controlar os impulsos carnais não é fácil, e os impulso sexuais são muito difíceis de dominar. É por isso que tantos jovens não conseguem esperar o casamento, e mesmo dentre os casados muitos são vencidos pela carne e acabam traindo seus cônjuges, o que provoca feridas sangrentas e até mesmo o fim do relacionamento.

Dominada por um ‘modo de pensar’ destoante do evangelho, nossa sociedade tem abandonado valores importantes, que precisam urgentemente ser resgatados, dentre eles a fidelidade conjugal e o conceito de que o enlace matrimonial deve ser para a vida toda. Infelizmente, o “até que a morte os separe” deu lugar ao “seja eterno enquanto dure”, e mesmo o casamento tem sido substituído pelo “ficar juntos”. Esta nova mentalidade é fruto de um comportamento hedonista que floresce sobre os ‘monturos’ da degradação moral, adubado pelo egoísmo. Neste contexto é difícil inculcar nas mentes a ideia de pureza sexual, uma vez que, mesmo os crentes sofrem demasiada pressão para seguir um padrão comportamental comum. Os que vieram do mundo lutam com dificuldade para se livrarem do pensamento mundano, e os que nasceram em berço cristão sofrem todo tipo de influência externa. Isso sem falar que nem todos que estão na membresia das igrejas são, de fato, pessoas transformadas por Cristo, e que até mesmo muitas “igrejas” têm se rendido ao secularismo e adotado padrões não cristãos. A pressão é tamanha que penso que muitos sintam vergonha de conservarem certos princípios, receosos de serem ridicularizados: vergonha de dizer que é virgem, vergonha de ser fiel, vergonha de dizer que nunca “pulou a cerca”, vergonha de não se corromper… O padrão moral politicamente correto se impõe cada vez mais, fazendo marginalizados os que insistem em conservar certos princípios. Isso coopera para o menosprezo dos votos matrimoniais e conseguinte aumento dos casos de divórcios.

Estamos no mundo, mas não somos do mundo. Somos regidos pelos valores do Reino eterno, e não pelos poderes seculares e transitórios. Paulo diz que a vontade de Deus é que sejamos santificados, ou seja, que abstenhamos da imoralidade sexual tão comum neste tempo. Busquemos uma vida de pureza, e nos esforcemos como guardiões dos valores cristãos em nossos lares. Que, pelo poder do Espírito Santo que em nós habita, consigamos controlar nossos impulsos para não cedermos a nenhuma paixão ou desejo desenfreado. Pense nisso!


terça-feira, 25 de outubro de 2022

Até que a morte os separe

Como cristãos que compreendem o ideal divino para o casamento, não podemos pensar a relação conjugal a partir da ótica de uma sociedade decadente

casal
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mateus 19:6)

Anualmente acontece em Revere, a 8 quilômetros de Boston, o Festival Nacional de Escultura de Areia. São tartarugas, peixes, castelos enormes e outras construções admiráveis. Os escultores devem fazer seu trabalho sozinhos, e dispõem de apenas 30 horas, ao longo de quatro dias, para completar suas obras, tendo como material apenas areia e água da praia. Além da habilidade, os artistas têm que ter muito preparo físico para movimentar toneladas de areia.

Por mais imponentes que sejam aquelas obras de arte, sabemos elas duram muito pouco; logo com a ação do tempo, elas acabam ruindo, permanecendo apenas nas fotos e na memória dos turistas.

Há casais construindo 'casamentos de areia', que não resistirão às adversidades. Eles ruirão diante das dificuldades no relacionamento, da desconfiança, dos ciúmes, das fofocas, de intervenções externas, por causa do comportamento hedonista dos cônjuges, do conformismo com o padrão moral vigente na sociedade e outros fatores — como esculturas de areia, eles não têm consistência nem sustentação.

Vivemos na era dos relacionamentos descartáveis. Em 2021 ocorreram 80.573 divórcios no Brasil, um aumento de 4% em relação a 2020, batendo o recorde da série histórica iniciada em 2007.1 O divórcio, como Jesus nos ensinou, não é o propósito de Deus, mas fruto da “dureza do coração” humano dominado pelo pecado (Mateus 19:8). Há pessoas que se casam já pensando em “separar se não der certo”; que consideram o divórcio como solução e não como algo que deva ser evitado a todo custo; que não lutam pela manutenção do casamento porque têm uma mentalidade destoante da “mente de Cristo”. É verdade que há situações extremas, de abusos, de traições, de violência e risco de vida, quando a convivência se torna impossível por causa de um dos cônjuges, porém, como cristãos, compreendendo o ideal divino, não podemos pensar a relação conjugal a partir da ótica de uma sociedade decadente.

Deus uniu o homem e a mulher para que fossem “uma só carne”; para edificarem uma família e não um castelo de areia. Os votos matrimoniais devem ser votos eternos, e não circunstanciais. A frase “até que a morte os separe”, infelizmente já em desuso, deve ser tomada como bandeira de uma causa pela qual devemos dar a própria vida.

Ao afirmar “o que Deus ajuntou não o separe o homem”, Jesus nos ensinou que o casamento não é de origem humana, pois foi Deus quem o instituiu, e que o divórcio contraria o projeto divino. Você está disposto (a) a considerar este ensino como um princípio de vida imutável? Pense nisso!


sábado, 22 de outubro de 2022

A quem você fará feliz, hoje?

Fazer o outro feliz é o segredo para conquistar a própria felicidade, e isso só é possível pela operação do amor de Cristo em nós, pelo qual buscamos completar a alegria do outro, a começar pelos pequenos gestos

família
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.”
(Filipenses 2:3-5 — NVI)

As pessoas buscam freneticamente a felicidade, porém, de uma forma errada. Muitas querem alcançá-la egoisticamente, ou seja, buscam concretizá-la na realização da própria vontade e desejos pessoais sem, no entanto, considerar os outros, não tendo sensibilidade para perceber os anseios e necessidades dos que estão ao redor. Este é um comportamento quase que majoritário na sociedade, mas que se percebe também no seio de muitas famílias, onde cada um pensa primeiro em si. Assim, maridos querem ser felizes satisfazendo seus apetites, do seu modo, seja no sexo, no entretenimento, na maneira de gerir os recursos financeiros, no desfrute dos bens etc. Da mesma forma muitas esposas lutam por conquistas e prazeres individuais, e concorrem com os esposos nas mais diversas áreas e assuntos da vida. Com os filhos não é diferente, eles querem ter primazia em tudo: roupas de grife, celulares de última geração, computadores, lazer etc. O problema é que este comportamento, embora possa desencadear alguma alegria momentânea, não promove a verdadeira felicidade, e isso vale para todos os tipos de relacionamentos, especialmente no âmbito do lar.

Certa vez fui convidado para celebrar um culto de noivado. Em dado momento da cerimônia, que ocorreu na casa dos pais da noiva, franqueei a palavra ao noivo que queria dar um depoimento. Seu testemunho começou assim: “Eu sempre orava a Deus pedindo que me desse alguém para me fazer feliz…” Percebam: ele viu nela a possibilidade de satisfação pessoal, ou seja, sua motivação era egoísta, ele se preocupava em ser feliz e não em fazê-la feliz, queria receber e não ofertar. O seu ego orientava sua oração, seu comportamento e, imagino, determinava o modo como se relacionava com sua noiva. Faz alguns anos desde aquela declaração; até hoje eles não se casaram, mas passaram a viver maritalmente. Talvez os dois estejam movidos pela mesma ambição: a própria felicidade, e não a do outro. Um relacionamento assim normalmente tem prazo de validade, pois quando um não puder mais oferecer o que o outro quer, quando a beleza do outro, o vigor, e a “qualidade” na “prestação dos serviços” não for adequada, alguém tomará a iniciativa para se afastar; tanto que a praxe social tem demonstrado que pessoas são ‘descartáveis’. Uma relação em que cada qual luta pelos seus próprios interesses é como uma casa dividida que não poderá subsistir por muito tempo: nela as pessoas não se completam, mas competem entre si (aqui se aplica o mesmo princípio ensinado por Jesus em Marcos 3:25).

Embora o texto inicial trate de relacionamentos no seio da igreja, os princípios nele observados podem e devem ser aplicados no lar, uma vez que cabem bem em qualquer contexto de convivência:

Nada deve ser feito por ambição egoísta — a humildade é o antídoto do egoismo, e alguns a consideram como sendo um ‘segredo’ para a manutenção de bons relacionamentos. É certo que conviver com alguém que pensa e trabalha excessivamente pelos próprios interesses é desgastante.

Mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos — a pessoa humilde está sempre disposta a perdoar e a pedir perdão, a reavaliar opiniões e atitudes, a reconsiderar certas coisas e buscar o aperfeiçoamento em Cristo — isso não é fraqueza, é virtude! Quem pratica a humildade não busca o prestígio pessoal, antes age de modo a valorizar o próximo, a trabalhar pelo bem-estar dos outros, e a promover a paz.

Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros — O altruísmo tem sido uma virtude esquecida. Pode parecer difícil deixar de lado os próprios interesses e trabalhar para o contentamento do outro, mas é agindo assim que expressamos nosso amor e cultivamos em nós a mesma atitude de Cristo, que “esvaziou-se a si mesmo” e veio ao mundo não “para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Filipenses 2:7; Marcos 10:45). Para “cuidar dos interesses dos outros” devemos exercitar a ‘empatia’, valor em desuso, mas que precisa ser resgatado.

Ao contrário do que muitos afirmam, diferente do que diz a ‘sabedoria’ de certos ‘pensadores’, ninguém é feliz sozinho. Especialmente no lar, a felicidade de um depende da felicidade do outro. O marido feliz é o que faz a esposa feliz, e vice-versa. Os pais felizes são os que criam filhos felizes, e filhos felizes são os que agem intencionalmente para a felicidade dos pais. Irmãos que se apreciam trabalham para a felicidade uns dos outros. O segredo para agir assim? É o amor de Cristo em nós que nos leva a “completar” a alegria do outro, e isso começa pelos pequenos gestos.

A quem, você fará feliz, hoje? Pense nisso!

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A boa parte

Cultivar o relacionamento pessoal com o Salvador é melhor que se afadigar com tarefas que tiram o foco

Bíblia
Imagem: Unsplash

Pr. Cleber Montes Moreira

“E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.” (Lucas 10:39 — NVI)

Marta queria servir a Jesus, Maria também. Marta estava ansiosa e afadigada com muitas coisas, Maria estava calmamente assentada aos pés do Mestre, e ouvia com atenção os seus ensinos. Ambas queriam fazer o melhor, porém, Marta se envolveu com tanto trabalho que se esqueceu do principal. Ao recebermos pessoas em nossas casas desejamos lhes oferecer uma boa recepção, um banquete, ou qualquer coisa que represente nosso apreço por elas, contudo, penso que nossos amigos querem mesmo é nossa atenção — isso é o que lhes fazem sentir que são bem-vindos e amados.

As atitudes das irmãs Marta e Maria estão representadas no cotidiano da vida no lar e na igreja local. Muitos estão dispostos a servir da melhor forma possível, querem sinceramente agradar ao Senhor e colaborar para a expansão do reino e, por isso, se enchem de atividades que lhes impedem desfrutar do que há de mais precioso. Ouvi sobre um tesoureiro que todos os domingos passava o tempo do culto na tesouraria, contabilizando as entradas financeiras e tomando outras providências necessárias, o que lhe impedia de participar da EBD e ouvir os sermões. O resultado foi que se enfraqueceu espiritualmente e sua vida foi arruinada pelo pecado — ele ‘trabalhava muito para Deus’, mas não se alimentava da Palavra da Vida. Conheci um pastor cuja esposa era tão envolvida na igreja que a família e a casa ficavam para segundo plano. Hoje o casal está separado. Há pessoas tão engajadas em certas atividades religiosas que não têm tempo para a vida devocional, e nem mesmo para a família; ‘trabalham tanto para o Senhor’ que se esquecem do relacionamento com Ele. Isso traz ansiedade, fadiga, esgotamento, e acarreta outros tantos problemas que geram prejuízos, às vezes, irreversíveis.

Aprendamos com Maria. Ela escolheu a boa parte: estar aos pés de Jesus para ouvir sua Palavra! Oferecer o coração, dar atenção e cultivar o relacionamento pessoal com o Salvador é melhor que se afadigar com tarefas que tiram o foco. Tanto no lar quanto na igreja, primeiro Deus e a família — aquele que quer agradar e trabalhar para Deus não pode inverter estas prioridades. Pense nisso!

Livros teológicos?

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