A Palavra: outubro 2021

terça-feira, 12 de outubro de 2021

A nossa capacidade vem de Deus

Embora Paulo fosse reconhecedor da importância de seu trabalho, em vez de se ensoberbecer ele prefere declarar que “a nossa capacidade vem de Deus”

Bíblia
Foto: Cleber Montes Moreira
Pr. Cleber Montes Moreira

“…mas a nossa capacidade vem de Deus.”
(2 Coríntios 3:5)

Eu era um adolescente, mas nunca me esqueci da cena protagonizada por um homem que no Dia do Pastor resolveu homenageá-lo com uma composição própria. Após cantar sua música, com a cabeça erguida, virou-se para o auditório e disse: “Irmãos, eu sei que eu canto muito bem!”. Era como se ele tivesse dito: “Olha o que eu posso fazer”; “Vejam do que eu sou capaz”; “Eu tenho muito talento”. Os presentes, espantados com tamanha vanglória, não conseguiam ocultar sua perplexidade.

Possivelmente pesava contra Paulo a acusação de que ele era um gabarola. Por isso se fez necessária a sua defesa perante a igreja de Corinto. Ele não era como os falsos mestres que careciam de cartas de recomendação, pois contava com uma carta viva, lida por todos homens, a saber, os próprios coríntios. Por isso o apóstolo declara: “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração” (2 Coríntios 3:3), e nisso residia o louvor de seu serviço — os frutos produzidos testemunhavam a seu favor, esse era o seu “cartão de visita”. Embora fosse reconhecedor da importância de seu trabalho, em vez de se ensoberbecer ele prefere declarar que “a nossa capacidade vem de Deus”.

Aquele que pensa de si mais do que convém, que faz propaganda de suas virtudes, é como um herói dos quadrinhos: ele é herói apenas no imaginário. O problema é que muitos que se dizem cristãos agem assim, e por isso praticam um cristianismo descolado de Cristo, egocentrado, que só é possível na ficção.

Não há problema em reconhecer as próprias virtudes, desde que isso não se transforme em presunção. Por isso, como servo de Cristo, procure sempre fazer o seu melhor — e o seu trabalho falará por si mesmo —, mas seja humilde e repita todos os dias: a minha capacidade vem de Deus!

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Fé e provisão

Precisamos confiar que quem está em missão jamais ficará desamparado, pois Deus mesmo é quem supre, em tudo, aqueles que trabalham para Ele



Pr. Cleber Montes Moreira

“E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão somente um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; mas que calçassem alparcas, e que não vestissem duas túnicas.
” (Marcos 6:8,9)

Conheço um pastor que teve sua bagagem trocada durante uma viagem missionária. Ao chegar na residência onde ficou hospedado, percebeu que a mala de roupas que transportava, apesar de igual, não era a sua. Ao abri-la, encontrou apenas roupas femininas; não havia nada que pudesse usar durante as duas semanas que passaria ali. Em outra cidade distante, uma irmã encontrou em sua mala meias masculinas, camisas, calças, cuecas, pijamas, sapatos e outras coisas que lhe eram completamente inúteis. Era como se eles não tivessem se preparado para aqueles dias, nem levado coisa alguma, entretanto, durante sua estadia nada lhes faltou. Os irmãos locais supriram, amorosamente, todas as suas necessidades, inclusive comprando roupas apropriadas para eles. As malas? Elas só foram destrocadas dias depois.

Quando Jesus enviou seus discípulos para pregar e curar, lhes ordenou “que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas” (Marcos 6:8,9). Eram coisas necessárias, extremamente necessárias, que fariam parte da bagagem de qualquer evangelista, mas que eles não deveriam levar. Hoje, talvez alguém perguntasse: “Senhor, como faremos sem pão, sem dinheiro e com poucas roupas?” Os discípulos, porém, nada indagaram; foram pela fé. Noutra ocasião, Ele lhes perguntou: “Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada” (Lucas 22:35). Realmente eles tiveram tudo enquanto cumpriam a missão, porque Aquele que os enviou já havia preparado toda provisão.

Devemos confiar que quem está em missão jamais ficará desamparado, pois Deus mesmo é quem supre, em tudo, aqueles que trabalham para Ele. Paulo experimentou isso, várias vezes: “Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade…”; “Folgo, porém, com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e de Acaico; porque estes supriram o que da vossa parte me faltava”; “Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus” (2 Coríntios 11:9; 16:17; Filipenses 4:18).

Estamos preparados para uma viagem sem bagagem? Ou seja, para servirmos sem preocupações? Estamos certos de que Aquele que nos envia é o nosso provedor? A lição aqui não é sobre irresponsabilidade, mas sobre fé. Pense nisso!

sábado, 9 de outubro de 2021

Porque se sujar não faz bem

O mundo quer nos fazer aceitar que “se sujar faz bem”, que os desvios do padrão estabelecido por Deus são alternativas boas e divertidas, e que podemos aproveitar a vida sem preocupação com “regras ou padrões”

mãos sujas
Imagem: Unsplash

Pr. Cleber Montes Moreira

“Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.”
(Isaías 1:18)

Faz algum tempo que certa marca de lava roupas veiculou em seus comerciais o seguinte slogan: “porque se sujar faz bem”. No site da empresa, lemos que “*** acredita que se sujar faz bem”, e ainda que “sujar faz bem e é recomendável”, e esclarece que esta sujeira é “consequência de os seus filhos saírem para o mundo para se divertir…”1 Nas cenas, após as brincadeiras, as roupas depois de lavadas parecem novinhas. De fato o produto é bom e está entre os mais usados, e promete remover “até as manchas mais difíceis”. Entretanto, a mesma empresa, num outro comercial veiculado em 2017, alusivo a Semana da Criança, resolveu não falar de crianças se sujando em brincadeiras divertidas, nem manchando as roupas com alimentos, mas sobre o direito dos “meninos trocarem fraldas de bonecas”. A propaganda, que fazia apologia à ideologia de gênero, era um convite aos pais para “incentivarem seus filhos a se divertirem sem se preocupar com as cores, regras ou padrões”2.

Diferente da sujeira divertida das crianças, há uma sujidade que não faz bem algum, que não pode ser lavada com sabão, e nem ser limpa pela ação humana, por mais que tentemos. Trata-se do PE-CA-DO!

O mundo quer nos fazer aceitar que “se sujar faz bem”, que os desvios do padrão estabelecido por Deus são alternativas boas e divertidas, e que podemos aproveitar a vida sem preocupação com “regras ou padrões”. Porém, a propaganda para se sujar não apresenta um produto capaz de limpar a alma — não há um ‘Tira Manchas’ potente para remover “até as manchas mais difíceis” causadas pelo pecado.

A Palavra de Deus nos diz que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, e que “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte” (Romanos 3:23; 5:12), de modo que toda humanidade está contaminada. E o pecado não é uma recreação, ele é mortífero: “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Na Bíblia, ele é comparado a uma mancha carmesim, uma variação do vermelho a partir do corante extraído do corpo da fêmea da “lagarta escarlate”, o “Coccus ilicis”.

Pela boca do profeta Isaías Deus fala a um povo pecador: “ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Isaías 1:18). Para nós também há uma promessa, um agente purificador eficaz e definitivo, “o sangue de Jesus Cristo” que “nos purifica de todo o pecado” (1 João 1:7). Por isso João Batista disse, a respeito dele: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

Não ceda à propaganda para pecar, mas sujeite-se a Cristo para ser salvo e esteja entre aqueles que “lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Apocalipse 7:14). Pense nisso!


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Pés que vão, joelhos que se dobram, e mãos que seguram as cordas

A obra missionária é feita pelos pés que vão, pelos joelhos que se dobram e, igualmente importante, pelas mãos que seguram as cordas



Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.”
(1 Tessalonicenses 2:9)

Ao falar sobre “trabalho e fadiga”1 e “trabalhando dia e noite”2, Paulo nos indica duas coisas: primeiro que ele e Silas trabalhavam arduamente, até a exaustão, e em segundo que provavelmente o apóstolo tivesse que conciliar o trabalho missionário com o trabalho secular, o que requeria uma jornada dupla. Em Atos 18:1-4, encontramos que em Corinto ele se juntou a Aquila e sua esposa Priscila no ofício de fazer tendas, e nos “sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos” (v.4). Daí surgiu a expressão moderna “fazedor de tendas”, utilizada para se referir ao missionário que, a exemplo dele, trabalha para se sustentar ao mesmo tempo em que cumpre o seu ministério. Para muitos, este é um excelente modelo, entretanto, pondero: se o ministério de Paulo foi tão expressivo, como teria sido se ele pudesse viver exclusivamente para anunciar o evangelho? Entendo que as igrejas, e mesmos as juntas missionárias, devem repensar o modo como querem alcançar o mundo, provendo sustento integral e digno para seus missionários, considerando o precioso tempo a ser investido na obra, entendendo que qualquer outra atividade exercida pelo obreiro seja apenas estratégia para estabelecer pontes com o contexto local e não fonte essencial de sustento.

William Carey disse: “A Índia é uma mina de ouro. Eu vou descer e cavar, mas vocês, devem segurar as cordas.” Existem muitas minas de ouro espalhadas pelo mundo, mas que não são alcançadas porque muitos não querem “segurar as cordas”. A obra missionária é feita pelos pés que vão, pelos joelhos que se dobram e, igualmente importante, pelas mãos que seguram as cordas. Afinal, “digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18), e o modelo bíblico que Paulo nos apresenta, embora tivesse que exercer ofício secular para se sustentar, é este: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9:14 se possível, leia o contexto). Dar aos obreiros esta condição é responsabilidade das igrejas. Pensemos nisso!

1Grego kopos: trabalho árduo.

2Grego mochthos: trabalho cansativo, labuta, penúria.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Reconhecimento e motivação

O reconhecimento de que fomos salvos quando caídos às margens do caminho deve ser a nossa motivação para praticarmos a empatia, não apenas como uma virtude religiosa, ou fruto de um padrão moral elevado…


Pr. Cleber Montes Moreira

“E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.”
(Lucas 10:31,32)

Primeiro um sacerdote, depois um levita. Ambos passaram por um homem espancado por salteadores, caído à beira do caminho. A disposição, a mesma: vendo o ferido, atravessaram para o outro lado, e passaram longe dele (Lucas 10:31).

A apatia é prática comum numa sociedade afastada de Deus, em que impera o amor egoísta (2 Timóteo 3:2). Ela está presente quando alguém busca primeiro os seus próprios interesses, encolhe as mãos, nega atendimento, deixa de prestar socorro, ou mesmo quando pratica ou faz vista grossa para a corrupção, dentre outras coisas. Alguém que age assim é incapaz de pensar: “E se fosse eu naquela situação?”

No mundo há muitos “sacerdotes” e “levitas” como aqueles que mudaram de direção para evitar o homem ferido — mesmo aqueles que teoricamente deveriam estar mais sensíveis ao sofrimento alheio, quando movidos por certos interesses, ou praticantes de uma fé hipócrita ou falsa moralidade, acabam fazendo da indiferença o seu estilo de vida.

O maior exemplo de empatia que temos é o de um homem rejeitado pelo seu povo (Isaías 53:3; João 1:11). Aquele que sofreu na pele o nosso desprezo, foi justamente quem, por amor, “verdadeiramente tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si…”, que “foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades…”; Ele assumiu a nossa culpa e “foi oprimido e afligido” em nosso lugar (Isaías 53:4,5,7). Não “passou de largo”, mas veio em nosso socorro mesmo sem merecermos a sua ajuda — porque Deus provou “o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).

O reconhecimento de que fomos salvos quando caídos às margens do caminho — aquele homem da parábola somos nós — deve ser a nossa motivação para praticarmos a empatia não apenas como uma virtude religiosa, ou fruto de um padrão moral elevado, mas como consequência de Cristo vivendo em nós. Pense nisso!

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Prazer que dá força para não pecar

O evangelho faz exatamente isso: nosso prazer nele mortifica os prazeres da nossa carne, de modo que passamos a andar em espírito e não segundo nossas paixões



Pr. Cleber Montes Moreira

“Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.”
(Salmos 1:2)


Marcelo trabalhou até tarde naquela sexta-feira. Após fechar o escritório — ele foi o último a sair —, já a caminho de casa, ao parar num semáforo, estando com o vidro a meia altura, foi abordado por uma jovem que lhe ofereceu um panfleto de um site de acompanhantes. Sorrindo, ele retirou do bolso da camisa um folheto dobrado que gentilmente entregou à moça. Nele, um verso da Bíblia que diz: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” A mulher que aparentava uns 20 anos, com ar encabulado, segurando o impresso, saiu sem dizer nada.

Ao educadamente recusar a propaganda, Marcelo estava dizendo que o seu prazer estava na Palavra de Deus; nos seus ensinos que, entesourados no coração, lhe sustentavam para não pecar (Salmos 119:11). O evangelho faz exatamente isso: nosso prazer nele mortifica os prazeres da nossa carne, de modo que passamos a andar em espírito e não segundo nossas paixões. Dwight Moody escreveu na capa de sua Bíblia: “Ou este livro me afasta do pecado ou o pecado me afastará deste livro” — de fato temos aqui uma regra elementar: o pecado nos afasta da Bíblia, e a Bíblia nos afasta do pecado! Só pode resistir às tentações aquele cujo prazer está na “lei do Senhor”, e cujo entendimento é renovado diariamente pela meditação no Livro Sagrado (Romanos 12:1,2). Paulo afirmou: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Romanos 8:13) — o pecado mata, mas a Palavra Santa vivifica.

Que esta seja a nossa constante oração: “Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque nela tenho prazer” (Salmos 119:35). Só assim teremos força para dizer “não” ao convite para pecar. Pense nisso!

domingo, 3 de outubro de 2021

Ilhas de integridade

A vida cristã é uma pregação altissonante sobre o amor e a justiça divina, que por se contrapor ao padrão vigente incomoda aqueles que estão obstinados no pecado; é a mensagem que o mundo precisa, mas que muitos rejeitam


Pr. Cleber Montes Moreira

“E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente… Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor… Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.”
(Gênesis 6:5,8,9)


Num artigo sobre política o autor afirmou que os evangélicos “gostam de se colocar numa espécie de ‘ilha’, indicando que não se misturam com ‘as coisas do mundo’”. O articulista teceu críticas aos cristãos por causa de sua posição em relação a certos temas como família, ideologia de gênero, educação sexual para crianças nas escolas, política etc. Segundo ele (sem citar fontes ou nomes), certos pesquisadores descrevem o comportamento dos cristãos conservadores “como um ‘insulamento moral’, já que essas pessoas se consideram uma ilha moral numa sociedade devastada”.

A geração antediluviana estava corrompida, e por isso Deus a destruiu. Entretanto, a declaração de que a “maldade do homem se multiplicara”, e que toda a “imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” não se aplicava a certo homem e sua família: Noé não “seguia o fluxo”, mas “andava com Deus” — em meio ao caos moral havia uma ‘ilha de integridade’, um farol da justiça, alguém que não se rendeu ao “politicamente correto” de seu tempo, e que jamais negociou seus valores. Vivendo entre desventurados, ele foi um bem-aventurado, porque não andou segundo o conselho dos ímpios, nem se deteve no caminho dos pecadores, nem se assentou na roda dos escarnecedores (Salmos 1:1). Segundo o escritor aos Hebreus ele “foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hebreus 11:7), e Pedro o chamou “pregoeiro da justiça” (2 Pedro 2:5).

Assim como no tempo de Noé, também a nossa sociedade está afastada de Deus, em derrocada. Quem não se amolda a “nova moralidade” é visto como um “corpo estranho” e passa a ser ridicularizado ou combatido — na realidade, os salvos são vistos, pejorativamente, como “ilhas de resistência moral”. A verdade é que, embora no mundo, vivem como cidadãos do reino eterno (Filipenses 2:15).

A vida cristã é uma pregação altissonante sobre o amor e a justiça divina, que por se contrapor ao padrão vigente incomoda aqueles que estão obstinados no pecado; é a mensagem que o mundo precisa, mas que muitos rejeitam; e a acusação que proferem contra nós nada mais é que uma declaração de nossa integridade em Cristo, porque ‘andamos com Deus’. Pense nisso!

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A apostasia dos últimos dias

Pessoas há procuram contentamento temporal num evangelho desprovido da cruz, que não lhes exige nada: nenhuma mudança, nenhum comprometimento com a missão, nenhum envolvimento com o Senhor…


Pr. Cleber Montes Moreira

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.” (1 Timóteo 4:1 — grifo do autor)

Paulo não se referia a pessoas alheias à vida da igreja, mas àqueles que em sua realidade se desviariam pelo caminho do engano. Observem o que ele diz em 2 Timóteo 4:3,4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”. Não é novidade que pessoas estejam buscando um evangelho que lhes traga comodidade, benefícios e satisfação neste mundo.

Em nenhum outro tempo houve tantos falsos mestres, constituídos nas igrejas, segundo a conveniência do povo, para pregar aquilo que agrada a plateia. Essa gente levou para os templos a filosofia, a palavra de autoajuda, o evangelho fácil e conveniente, os sermões politicamente corretos, os louvores antropocêntricos, o entretenimento, a “arte”… A sã doutrina foi substituída pela inteligência emocional, a dependência da ação de convencimento do Espírito Santo por recursos neurolinguísticos e outras estratégias humanas, o treinamento e a edificação dos crentes na Palavra pela teologia do coaching.

As pessoas estão cheias de muita coisa, mas vazias de Deus. Elas procuram contentamento temporal num evangelho desprovido da cruz, que não lhes exige nada: nenhuma mudança, nenhum comprometimento com a missão, nenhum envolvimento com o Senhor… podem até estar vivendo a experiência de um falso avivamento. Em muitos casos, esta espiritualidade enganosa é regada por campanhas bem elaboradas, inclusive de oração, por uma atmosfera emocional favorável e pelo engajamento dos membros em algum propósito alheio à missão da igreja.

Este é um tempo em que evangélicos sem o evangelho elegem ídolos para si, que membros de igrejas são atraídos por malabaristas da palavra, que pessoas sem apetite pela verdade saem em busca de alguma novidade, e que muitos se preocupam com o que Deus pode fazer por suas vidas, e não em servir e ter contentamento no Senhor em toda e qualquer circunstância. Querem o melhor de Deus, e não o próprio Deus. Fato é que há igrejas — se é que tais instituições fazem jus ao nome — que nunca precisaram tanto de arrependimento (Apocalipse 3:19). Pense nisso!

Livros teológicos?

livros teológicos