Nossos atos, incluindo nossos pecados, testemunham sobre nós, sobre quem somos e qual é nossa condição diante de Deus. Não dá pra dissociar o que somos de nossas convicções e práticas
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“O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.” (Salmos 11:5)
“Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. Certamente você já ouviu esta frase, ou a leu num livro, revista, ou em algum site ou postagem nas redes sociais. “Há algo errado com esta afirmação?” — você, talvez, pergunte. Não. De fato Deus ama o pecador; ama “de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O seu amor é prático, sacrificial, comprovado na cruz. Aliás, não há amor maior que este (João 15:13), amor que leva um justo, Jesus Cristo, a morrer em lugar de pecadores (Romanos 5:7,8). Também é verdade que Deus odeia o pecado. “Mas, então, qual é o problema com a frase?” Eu respondo: Você lembra porque o primeiro casal foi expulso do Jardim do Éden? Lembra porque o homem se escondeu de Deus e sentiu vergonha de Sua presença? Lembra porque a fadiga, dores, sofrimentos e a morte passaram a fazer parte da realidade humana? Lembra porque a terra produz cardos e espinhos?1 Você sabe porque Deus enviou um dilúvio e destruiu a todos, poupando apenas a família de Noé?2 Sabe porque Deus varreu as cidades de Sodoma e Gomorra com o furor de sua ira?3 A resposta é uma só: Por causa do PE-CA-DO! Deus declara em Sua Palavra que “a alma que pecar, essa morrerá”, que “o salário do pecado é a morte”, e que os pecadores — os que não se arrependerem, que não passarem pelo novo nascimento — ficarão de fora da Cidade Santa, na eternidade, o que consiste na separação eterna de Deus, condição esta que a Bíblia chama de “segunda morte” (Ezequiel 18:4; Romanos 6:23; Apocalipse 21:8; 22:15).
O problema não está exatamente na frase, mas nos modos e intenções de seu uso. Embora ela seja verdadeira no que declara sobre amor de Deus pelo pecador, e seu ódio pelo pecado, ela tem sido proferida, muitas vezes, e mesmo que inconscientemente, como propaganda da Doutrina Universalista e da Teologia Inclusiva. A primeira entende que Deus ama tanto o pecador que, no final, salvará a todos, a despeito de qualquer coisa, e a segunda compreende o “amor” como doutrina única, não havendo, da parte de Deus, nenhuma outra exigência para que o homem seja salvo. É uma forma de atenuar a ira divina, o seu perfeito juízo e a condenação eterna dos pecadores; de invalidar a cruz e proclamar um “evangelho” que cria uma atmosfera favorável ao homem obstinado no erro, que recusa a obra do Espírito Santo em sua vida, sugerindo que a pessoa pode viver como quiser, na prática do pecado, seja ele qual for, e mesmo assim estar em paz com Deus. Os pregadores universalistas e inclusivos negam que “os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus”, omitindo a verdade e cooperando com o diabo para alargar o caminho da perdição (Salmos 9:17 — veja Mateus 25.31-46).
O Universalismo anuncia que um Deus bom, amorável, jamais enviaria pessoas para o inferno. Aliás, “o inferno não existe” — ensinam eles. A Teologia Inclusiva, por sua vez, conclui que para alguém ser salvo basta “praticar o amor”. Parece-me que afirmar que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador” satisfaz as duas escolas, e deixa o perdido bem confortável enquanto, iludido, caminha para a eternidade sem Cristo.
Nossos atos, incluindo nossos pecados, testemunham sobre nós, sobre quem somos e qual é nossa condição diante de Deus. Daí João Batista exortar aos fariseus e saduceus, hipócritas: “produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8).
Não dá pra dissociar o que somos de nossas convicções e práticas: um é o andar do salvo, outro é o andar do perdido, e cada um frutifica segundo sua natureza (Gálatas 5:19-25); não dá pra separar o ato pecaminoso daquele que o pratica, de modo que ninguém pode viver como quer e escapar das consequências do pecado, mesmo que praticando alguma religião.
Lembre-se que Deus “ao culpado não tem por inocente”, que “os ímpios não subsistirão no juízo”, que “os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos”, e que “não entrará nela (na Cidade Santa4) coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Salmos 1:5; Isaías 1:28; Êxodo 34:7; Apocalipse 21:27). Tenha em mente que Deus não condena o pecador por ódio ou vingança, mas porque Ele é santo e justo, e que seu amor não é sinônimo de complacência; Ele não dá licença para pecar. Pense nisso!
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