“Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24)
Hoje completo 32 anos de consagração ao ministério pastoral. Daquela sexta-feira, dia 28 de julho de 1989, guardo doces lembranças: O nervosismo durante o concílio. O então pequeno templo da Igreja Batista Boa Fortuna lotado, e muita gente do lado de fora. Pastores presentes, dentre os quais alguns já foram chamados à presença de Deus, professores, colegas de seminário, familiares, amigos, gente que evangelizei e discipulei — porque já tinha um coração de pastor mesmo antes de assim ser intitulado.
Do exercício do pastoreio, das experiências acumuladas, a certeza de que poderia ter feito melhor, que muitas coisas teria feito diferente, mas certo de que fui sincero em tudo, e que a vida é de aprendizado e, portanto, ainda cometerei erros, mas sempre na intenção de acertar e fazer o melhor. Saber que “ninguém é perfeito” não é desculpa, mas motivação para buscar melhorar, sempre. De fato, a gente vai melhorando na medida que Deus trabalha em nós — todos somos um canteiro de obras — mesmo sabendo que quanto mais a mente evolui, o corpo já não pode acompanhar com o mesmo dinamismo (risos).
Dentre algumas coisas que aprendi, faço alguns destaques — apenas alguns — que podem consistir em conselhos para os mais jovens:
- Quem ama a Cristo sacrificialmente, assim também amará as ovelhas.
- Nem todos na igreja são ovelhas, há também lobos. Trate ovelhas como ovelhas, e lobos como lobos.
- Seja grato, sempre! Aprecie a gratidão, mas não espere recebê-la de todos.
- Não espere receber apoio e compreensão de todos. A natureza do ministério pastoral não é compreendida por todos que te cercam.
- Procure aprender logo o que significa “posso todos as coisas naquele que me fortalece”.
- Faça o seu trabalho, não se encante com “fórmulas mágicas”, o crescimento é Deus quem dá.
- Procure ser criativo, mas saiba que a pólvora já foi descoberta e a roda inventada.
- Embora todos sejamos influenciados, seu principal modelo não deve ser um padrão humano, um “pastor de sucesso”, porque todos falhamos, mas Cristo.
- Não sonhe pastorear uma grande igreja. Jesus tinha 12 discípulos. O valor do pastor não é medido pelo tamanho de sua igreja, seja ela grande ou pequena, mas pela qualidade de seu trabalho.
- O ministério pastoral é um projeto divino, e não pessoal.
- Cuidado com os elogios. Nunca se envaideça. “Quanto mais alto, maior o tombo”.
- Seja empático, simples e humilde, como Jesus.
- O gabinete pastoral é útil, mas as ovelhas estão lá fora.
- A família vem antes do ministério.
- Trabalho, descanso, entretenimento… tudo é importante, na medida certa. Nem sempre conseguimos equilibrar estas coisas, mas é preciso seguir tentando.
- Não abra mão de sua privacidade.
- Não faça tudo sozinho. Aprenda a delegar responsabilidades.
- Não assuma compromissos que não possa realizar.
- Agenda cheia não é sinônimo de ministério eficaz.
- Estabeleça um limite entre “contatos” físicos e “envolvimento”. Um abraço pode ser apenas um abraço, ou outra coisa. É importante estar atento para não dar ocasião ao pecado.
- Não “pesque em aquários”. Não espere a recíproca.
- Um pastor amigo me disse certa vez, num momento de crise: “temos muitos colegas, mas poucos amigos”. É fato. Não se decepcione por isso.
- O ministério pastoral é espinhoso, mas nada é mais recompensador. Eu não saberia fazer outra coisa na vida.
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