A Palavra: março 2021

quarta-feira, 31 de março de 2021

“Todo amor é sagrado”?

Qualquer ‘amor’ que despreze os ensinos bíblicos, que relativize princípios e valores, ou que para se estabelecer necessite reinterpretar ou ressignificar as Escrituras está longe de ser ‘sagrado’


Pr. Cleber Montes Moreira

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor…” (João 15:10 — ACF)


Em seu perfil no Facebook uma igreja inclusiva divulgou uma imagem com a seguinte frase: “Todo amor é sagrado”. Certamente que do ponto de vista desta sociedade decadente, amoldada ao “politicamente correto”, onde o principal valor é “seguir a voz do coração”, esta é uma afirmação muito bonita e suave aos ouvidos. Nada mais encantador que um discurso que versa sobre amor, principalmente se este for um discurso religioso, proferido em nome de Deus e tendo como base algum texto (por pretexto) das Escrituras. Não é sem motivo que atualmente este seja o tema predileto dos profetas do engano.

Será mesmo verdadeira a afirmação de que “todo amor é sagrado”? Esta pergunta deve ser respondida com base na Palavra de Deus, a regra de fé e prática de qualquer cristão autêntico, fora da qual não há nenhuma base confiável e normativa para a vida cristã. A Bíblia é inerrante e suficiente; não há outra fonte de revelação digna de total confiança, e por isso nenhuma outra palavra poderá substituir ou ser colocada em igualdade com a Palavra da Verdade. É nela que conhecemos o amor do Pai, bem como, por meio deste perfeito amor, somos chamados e ensinados sobre o modo como devemos amar a Deus e ao próximo.

Jesus nos adverte: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor” (João 15:10 — ACF). Por meio de João, o Pai nos fala:“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou” (1 João 2:3-6 — ACF). O texto sagrado afirma que quem realmente conhece a Deus é aquele que guarda os seus mandamentos, que naquele que guarda a Sua Palavra (ensinos/mandamentos) o amor de Deus é aperfeiçoado, e que quem permanece verdadeiramente nele é aquele que anda como Ele (Jesus) andou.

Está claro que não existe amor puro, verdadeiro, que exclua a necessidade de obediência aos mandamentos de Deus explícitos na Bíblia. O critério do amor é este: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra…” De outro modo, “Quem não me ama não guarda as minhas palavras…” (João 14:23,24 — ACF). Assim percebemos que é impossível amar verdadeiramente sem antes amar a Deus, pois é o amor de Deus em nós que nos faz obedecer à Sua Palavra, que rege nossas vidas, incluindo, é claro, nossos relacionamentos. Qualquer ‘amor’ que despreze os ensinos bíblicos, que relativize princípios e valores, ou que para se estabelecer necessite reinterpretar ou ressignificar as Escrituras está longe de ser amor verdadeiro.

O “evangelho paz e amor” pode ser muito agradável, mas não se engane, ele não é o poder de Deus para salvar, mas a mentira do diabo para enredar pessoas. Este amor celebrado pela religião inclusiva exalta a carne, autoriza o pecado e em nada opera para o bem; trata de um amor corrompido, hedonista, reprovado por Deus, que escraviza, que desonra corpos… nada mais é que um sentimento egoísta travestido de amor. É o amor daqueles que se desviaram da fé, conforme Paulo já nos adivertiu: “Porque haverá homens amantes de si mesmos…” (2 Timóteo 3:2 — ACF).

Nada que esteja fora do padrão estabelecido por Deus em Sua palavra pode ser chamado de “sagrado”, nem mesmo aquilo que muita gente insiste em chamar de “amor”. Pense nisso!

terça-feira, 30 de março de 2021

Quem diz que não há Deus é néscio

A pessoa verdadeiramente sábia não apenas crê no Criador, mas se relaciona com Ele; a fé é experiencial


Pr. Cleber Montes Moreira

“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus.” (Salmos 14:1)

Um amigo meu, pastor, foi apresentado a um médico ateu num restaurante. Após cumprimentá-lo, disse: “Eu admiro muito os ateus”. O médico, curioso, perguntou: “Por quê?”. Meu amigo respondeu: “Para alguém refutar a existência de Deus terá que apresentar excelentes argumentos, e laborar contra a lógica para provar que sua crença no ateísmo é baseada em fundamentos sólidos e irrefutáveis, o que acaba sendo impossível. Muitos que percorreram este caminho acabaram por crer na existência do Criador. Mas, para nós que confessamos crer em Deus, é muito mais fácil, pois que está diante de nós todo universo, imenso, perfeito, complexo e maravilhoso, como evidência incontestável de que um ser supremo teve de planejar cada detalhe para que tudo estivesse em seu devido lugar, de modo ordenado e harmonioso, e cada corpo obedecesse às leis que Ele mesmo criou, assim como cada instrumento numa grande orquestra executa a música não por acidente, mas sob a batuta do maestro.”

Aquele que não sabe ler de quem são as digitais na criação, jamais se contentará com as respostas que encontrar: sempre haverá alguma pergunta cuja resposta provocará uma outra, e assim sucessivamente, porque para uma teoria o próximo ponto será sempre de interrogação. Uma teoria, como o próprio nome diz, é apenas teoria, mas fato é algo que não se pode contestar.

Deus não precisa ser provado. Ele existe, e isso é um fato. Só o néscio pode dizer que não há Deus — porque é néscio, ainda que se julgue competente. A pessoa verdadeiramente sábia não apenas crê no Criador, mas se relaciona com Ele (a fé é experiencial). O irlandês Clive Staples Lewis, autor de “As Crônicas de Nárnia”, que foi ateu por cerca de 30 anos, um dia escreveu: “Eu descobri em mim mesmo desejos que nada nesta terra podem satisfazer; a única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo.”

“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um vasto oceano. O arranjo maravilhoso e a harmonia do universo não poderiam senão sair de um ser onisciente e onipotente.” (Isaac Newton)

Sob a orientação do Mestre

Aqueles que se dedicam à missão, para que produzam frutos que glorifiquem a Deus, precisam estar sob a orientação do Mestre


Pr. Cleber Montes Moereira

Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.
E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.
Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.
E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.
(João 21:2-6)


Pedro decidiu pescar, e os demais discípulos que ali estavam resolveram ir com ele. Dentre eles haviam pescadores profissionais, experientes, porém passaram toda a noite e nada pegaram. Logo pela manhã Jesus apareceu na praia e lhes perguntou: “Filhos, tendes alguma coisa de comer?”, e eles responderam, “não” (v. 5). Então o Mestre lhes disse: “Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis” O resultado? “Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes” (v. 6). Pergunto: Por que aqueles homens, acostumados ao mar, nada apanharam durante a noite inteira? Porque estavam orientados por si mesmos, confiados em suas habilidades, certos de sua capacidade. Porém, quando se colocaram sob a orientação do Mestre o resultado foi extraordinário.

Creio que este episódio ilustra muito bem o que ocorre hoje quando o assunto é “pescar” vidas para o reino eterno. Há pessoas confiantes na sabedoria e capacidade humana, que utilizam estratégias e métodos elaborados por “especialistas” humanos, que passam muito tempo trabalhando sem produzir frutos reais agradáveis a Deus — mesmo que produzam “adesões”. Diferentemente, aqueles que se dedicam à missão sob a Palavra do Mestre dos mestres, orientados pela sabedoria divina e capacitados pelo poder que vem do alto, produzem frutos que permanecem, e que fazem o céu se alegrar para a honra e glória do Altíssimo.

Temos lançado nossas redes crendo em nossa própria capacidade, estratégias e métodos, ou temos feito sob a orientação do Senhor? E qual tem sido o resultado de nosso trabalho? A decepção? A exaltação humana? Ou o louvor daquele que realmente é digno de glória? Pense nisso!

segunda-feira, 29 de março de 2021

“Se o Senhor quiser…”

Amanhã, se eu acordar Cristo estará comigo, se não acordar, estarei com Cristo. Esta certeza me basta; ela é revigorante, reconfortante, motivadora…


Pr. Cleber Montes Moreira

“Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.” (Tiago 4:15)

Alguém me disse: “Quero acordar cedo amanhã”. Respondi: Quero acordar. Falei brincando, mas depois comecei a pensar sobre o valor desta afirmação: ter acordado é uma bênção, por isso devo expressar minha gratidão a Deus por dádiva tão preciosa. Acordar amanhã é incerto, mas se acontecer, devo ter a consciência de que devo viver de modo que o Autor da vida seja glorificado em cada pensamento, em cada ato, e em cada palavra minha. Vivo por Ele e para Ele, e todos os meus dias devem ser para a sua glória.

Estamos em março, e este ano já morreram, até o presente momento, 14.082.1071 pessoas. É assim que muitos fizeram planos para hoje, todavia não poderão executá-los (Eclesiastes 9:10). Sonhos são interrompidos todos os dias, obras ficam inacabadas, projetos não saem do papel… Por isso não devemos alimentar a soberba, nem cultivar vãs pretensões, conforme nos ensina Tiago:“Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna” (Tiago 4:13-16).

Uma certeza eu tenho, a de que “Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando” (Salmos 102:11), por isso meus planos devem ser elaborados a partir desta oração: “Se o Senhor quiser”. Amanhã, se eu acordar Cristo estará comigo, se não acordar, estarei com Cristo. Esta certeza me basta; ela é revigorante, reconfortante, motivadora… Viver sem ela é como estar morto, e há muitos que assim estão porque não planejaram para a eternidade. Pense nisso!


1 Número atualizado aqui: https://www.worldometers.info/br/

sábado, 27 de março de 2021

“E sejam agradecidos”

Quando reconhecemos o favor divino, além de manifestarmos nossa gratidão a Deus, comunicamos graça ao mundo. O que recebemos transmitimos, sendo não apenas retentores, mas compartilhadores da graça

rosa
Imagem: Pixabay

Pr. Cleber Montes Moreira

“De graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8)

Conta-se que três homens, sendo um ingrato, um egoísta e um agradecido, encontraram pela manhã em suas portas um buquê de rosas, tendo cada um reagido de modo diferente diante do inusitado presente.

O ingrato atirou suas rosas numa lixeira quando ia a pé para o serviço. O egoísta apanhou as rosas, sentiu seu perfume, e colocou-as num jarro para decorar sua sala. O agradecido, radiante de alegria pelo presente recebido, foi visto, enquanto fazia sua caminhada matinal, distribuindo rosas para todos que encontrava. Sempre que ofertava uma rosa, outra surgia milagrosamente em seu lugar, de forma que ao voltar para casa seu buquê ainda contava com a mesma quantidade de rosas de antes, e elas não murchavam.1

As pessoas ingratas são aquelas que tendo recebido da graça, jogam no esquecimento o que receberam. As egoístas são as que recebem e guardam para si. As agradecidas são as que recebem e compartilham com alegria.

Quando reconhecemos o favor divino, além de manifestarmos nossa gratidão a Deus, comunicamos graça ao mundo. O que recebemos — δωρεὰν (dórean) como um presente gratuito, sem pagamento, livremente, sem merecimento2 —, transmitimos, sendo não apenas retentores, mas compartilhadores da graça: “Graciosamente recebestes, graciosamente dai” (Mateus 10:8 — BKJA).

É com este sentimento que o salvo por Cristo, em gratidão ao Salvador, se dispõe a servir a Deus e ao próximo. O problema é que este espírito de gratidão está cada vez mais escasso. Certa ocasião, um jovem ao ser consultado pela comissão de indicações de sua igreja sobre a possibilidade de assumir um cargo para o ano seguinte, logo quis saber: “Quanto receberei por isso?” Ele não considerou servir com alegria àquele que para salvá-lo enviou seu Filho unigênito, nem que aquele cargo seria uma oportunidade de comunicar graça aos irmãos — ele foi ingrato, como muitos têm sido.

Paulo diz que devemos ser eucháristoi (εὐχάριστοι), agradecidos3. “E sejam agradecidos” (Colossenses 3:15 — NVI) faz parte das orientações que o apóstolo dá aos salvos, àqueles que tendo ressuscitado com Cristo devem focar nas coisas do alto, e não nas terrenas, e incorporar em seu viver os valores do Reino de Deus. É assim que “E tudo quanto fizerdes, seja por meio de palavras ou ações, fazei em o Nome do Senhor Jesus, oferecendo por intermédio dele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17 — BKJA).


1 Texto adaptado de “O Presente das Rosas”, de autoria desconhecida.
2 https://biblehub.com/greek/1432.htm (acessado em 01 de agosto de 2019)
3 https://biblehub.com/greek/2170.htm (acessado em 31 de julho de 2019)

quinta-feira, 25 de março de 2021

Quando as aflições são bênçãos

Tenhamos sempre em mente que as aflições são bênçãos se nos servem como disciplina, se nos levam ao quebrantamento, se nos conduzem ao quarto de oração


Pr. Cleber Montes Moreira


“Eu disse: Guardarei os meus caminhos para não pecar com a minha língua; guardarei a boca com um freio, enquanto o ímpio estiver diante de mim… Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas.”
(Salmos 39:1,12 – Leia todo o salmo)


O salmista está abatido. Seus pensamentos estão carregados, talvez de questionamentos e dúvidas acerca de Deus e outras coisas que, se exteriorizadas, podem escandalizar.

Na estrada da vida há declives. Ninguém está imune às tristezas, e nem à depressão. Diante de situações adversas, de sofrimentos extremos, de dolorosas provações, não é incomum que pessoas questionem o silêncio, a ação, ou a permissão de Deus quando suas expectativas são frustradas. Pode parecer que Ele tarda em socorrer, que não ouve as súplicas, que está ausente quando o pior acontece. “Onde Deus estava?”, “Por que Ele permitiu que isso acontecesse?”, “Por que não mandou o livramento?”, perguntam. Isso é de nossa humanidade, é fraqueza nossa.

Davi propôs em seu coração colocar um freio em sua boca, de não dizer nada diante dos ímpios. Mattew Henri diz que “devemos nos lembrar que eles vigiam as nossas palavras e as modificam, se puderem, para nossa desvantagem.” De fato, toda palavra impensada, precipitada e inconsequente que dissermos, e até nossos lamentos poderão ser usados contra nós. Por isso, em certos momentos, o silêncio é preciosíssimo, ainda que agrave a nossa dor (v. 2).

Há hora de calar, e hora de falar. O salmista, quando falou, falou com Deus. Enquanto orava percebeu sua fragilidade, também viu que a força e a glória humana não passa de vaidade. Ele entendeu as consequências de suas iniquidades, suplicou por alívio, e colocou sua esperança no Senhor. Percebeu que não é Deus quem nos lança em sofrimento, que se ausenta e nos abandona, mas que é o pecado que como a traça nos corrói e faz de nossa vida um sopro (v. 11). As aflições são bênçãos se nos servem como disciplina, se nos levam ao quebrantamento, se nos conduzem ao quarto de oração. Pense nisso!

Em abril de 2019

quarta-feira, 24 de março de 2021

Pastores e o “Armário Teológico”

Teólogos, pastores e líderes há que abandonaram a teologia conservadora e as interpretações bíblicas históricas; eles assumiram publicamente novas convicções, trocaram a fé tradicional pela chamada Teologia Inclusiva, e adotaram um novo posicionamento em relação a temas basilares da fé cristã. Outros, porém, por algum motivo, continuam no “armário teológico”

armário
Imagem: Unsplash
Pr. Cleber Montes Moreira

“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela…”(2 Timóteo 3:5)

A expressão “sair do armário” é tradução da gíria americana “come out of the closet”, que teria surgido a partir de outras duas expressões. Nos séculos 19 e 20, “come out” (“sair”, “surgir”, “se revelar”) era usado quando os pais organizavam os famosos bailes de debutantes que serviam para apresentar as adolescentes à sociedade. Era nestas festas de quinze anos que as meninas “se revelavam” adultas. Já a expressão “skeletons in the closet” (“esqueletos no armário”) era usada como sinônimo de algum segredo vexaminoso. Foi assim que “come out of the closet” passou a ser uma metáfora para aqueles que assumiam a homossexualidade, ou, como se diz hoje em dia, a sua “orientação sexual” ou “identidade de gênero”.

Creio que “sair do armário” seja uma expressão também adequada para ser usada em relação àqueles que resolveram sair do “armário teológico”, ou seja, abandonaram a teologia conservadora e as interpretações bíblicas históricas e assumiram publicamente outras convicções. Muitos líderes e autoridades religiosas — teólogos, pastores, padres etc. — têm trocado a fé tradicional pela chamada Teologia Inclusiva. Adotaram um novo posicionamento em relação a temas como pecado, arrependimento, novo nascimento, amor, justiça etc., e passaram a sustentar um discurso complacente em relação a certos valores e comportamentos. Algumas práticas antes consideradas pecaminosas agora são aceitas como sendo normais, dentre elas comportamentos (ou “orientações”) sexuais alternativas ao padrão tradicional. Para fundamentar “biblicamente” tais padrões resolveram ignorar, revisar ou ressignificar certos textos bíblicos e estabeleceram uma nova hermenêutica em que a Bíblia passou a ser interpretada não mais a partir da perspectiva de Seu Autor, mas das experiências, anseios e conveniências humanas. Eles passaram a fazer a “leitura pública da Bíblia” que consiste em sua interpretação a partir de certos grupos sociais: LGBTs, mulheres (feministas), negros, indígenas e outros, sempre tratando de adequar os “mandamentos” às suas demandas. Certos textos, principalmente dentre os escritos paulinos, passaram a ser considerados “interditivos” de mulheres e homossexuais. Por esta nova leitura a Palavra de Deus deixou de ser normativa, e assumiu posição de submissão à Teologia Inclusiva para servir às suas finalidades.

Estes pastores que saíram do armário teológico, porque adotaram uma postura “politicamente correta” têm encontrado espaço na mídia e atraído multidões. Para os pecadores nada melhor que este “evangelho” que ao mesmo tempo em que autoriza o viver na carne aplaca suas consciências em relação a Deus. É como se a Nicodemos não tivesse sido dito “que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3), nem à mulher adúltera “vai-te, e não peques mais”, (João 8:11), ou que João Batista e Jesus não tivessem iniciado seus ministérios com uma exortação ao arrependimento (Mateus 3:3; 4:17), ou ainda que não houvesse nas Escrituras nenhuma exigência à santidade, porque à luz desta teologia, como seus expoentes ensinam, o único pecado é “não amar”.

Muitos pastores que têm saído do armário teológico expõem suas ‘convicções inclusivas’ a partir de seus púlpitos e por meio de todas as mídias possíveis; escrevem livros, promovem congressos e festivais, criam páginas e blogs onde publicam seus textos, coordenam movimentos etc. Geralmente investem e conseguem exercer grande influência sobre os mais jovens. Por isso muitas igrejas com perfil histórico se desviaram da Sã Doutrina, se desligaram ou foram desligadas de suas denominações, e passaram a interagir com outras igrejas e movimentos inclusivos. Outras ainda estão no rol de denominações históricas, mas sem compromisso doutrinário e teológico. É o caso de algumas igrejas onde pastores inclusivos, LGBTs, teólogos feministas, defensores do aborto, dentre outros, têm trânsito livre para pregar e ensinar.

Apesar da naturalidade como alguns pastores estão “saindo do armário” — de fato perderam a vergonha —, há outros que, mesmo abraçando tais convicções, não tiveram, ainda, a mesma coragem. Eles continuam no “armário teológico”. Alguns, talvez, estejam também naquele outro “armário”. Sei de pastores que não tendo assumido publicamente a Teologia Inclusiva procuram se cercar de ministros auxiliares (indicados por eles mesmos) e líderes inclusivos. Alguns encenam uma performance conservadora, porém agem sutilmente por meio de seu corpo de líderes para perverter a doutrina e desviar suas igrejas — tudo é uma questão de tempo. Por que eles continuam no armário? Talvez não haja uma única resposta, mas, provavelmente, por alguma conveniência ainda não tenham “se revelado”: porque estão numa zona de conforto, pastoreando boas igrejas e ganhando ótimos salários; porque ocupam cargos denominacionais e fazem de sua posição instrumento de militância (ainda que velada); porque não querem se indispor com líderes conservadores na igreja ou denominação; porque “ainda não é hora”; ou por outros motivos.

Os pastores (e outros líderes) inclusivos que ainda não “saíram do armário”, por causa de sua dissimulação — muitos até travestidos de conservadores —, são um enorme perigo porque que agem de modo articulado e estratégico, quase que imperceptivelmente, para desconstruir valores e apresentar às suas igrejas, por meio de um discurso suave e “contextualizado”, um “evangelho” palatável e adequado às suas convicções e intenções sórdidas. Tenham cuidado, “pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor” (Judas 1:4 — NVI).

Em setembro de 2019

Os “Theybies” e a sociedade decadente

Os “Theybies” refletem uma sociedade decadente: cega, desobediente a Deus e pervertida


“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27 – grifo do autor)

Pr. Cleber Montes Moreira

Você sabe quem são os “theybies”? No dia 16 de fevereiro de 2019, aconteceu a festa do primeiro aniversário de Sparrow Dennis. A decoração foi toda em roxo e azul-petróleo, e a criança estava vestida com calça azul e blusa rosa. O detalhe é que pouca gente sabe se Sparrow é menino ou menina. É que a família, seguindo uma tendência crescente em várias partes do mundo, resolveu educar Sparrow como sendo de “gênero indefinido”. Segundo informações do jornal WCNC, na certidão de nascimento de Sparrow o campo “sexo” está como “desconhecido”. O nome cunhado em inglês para crianças neutras é “theyby”. O movimento denominado de “gender-neutral” propõe que bebês de zero a 4 anos não sejam chamados de meninos ou meninas. Segundo a “neutralização de gênero”, as crianças devem “escolher” o gênero sem “interferências externas”. Para se referirem aos filhos, os pais não usam as palavras baby ou babies (bebê ou bebês), mas os pronomes indefinidos “they” e “them”1 (ele ou ela, e eles ou elas em português).

Em 2011, um casal de Toronto, no Canadá, virou notícia ao revelar que decidiu criar seu filho, Storn, sem relevar seu gênero. Uma família americana também chamou a atenção da imprensa pelo modo como decidiu educar seus filhos. Para Callie e Caleb Glorioso-Mays as crianças devem ser livres de estereótipos, e nada deve ser determinado como sendo do universo masculino ou feminino. O menino de 5 anos gosta de usar arco no cabelo e roupas femininas, já a menina de 1 ano veste roupas masculinas. Só nos Estados Unidos, existem cerca de quase 400 famílias “Parenting Theybies” (como são chamadas as famílias que decidem por bebês “sem gênero”).

A Suprema Corte da Austrália decidiu em 2014 que, além dos sexos feminino e masculino, um neutro poderia constar nas certidões de nascimento. A categoria foi chamada de non-specific, ou seja, ‘indefinido’. Em Malta, desde 2015 que a indicação do gênero de uma criança na certidão de nascimento pode ser adiada até que ela se defina. No Canadá, a partir de 2017, as certidões de nascimento e os passaportes passaram a conter a opção “X” além de ‘masculino’ e ‘feminino’. Na Alemanha, em 14 de novembro de 2018, a Câmara dos Deputados decidiu que pessoas do chamado “terceiro gênero” podem ser registradas como “intersexuais” ou terem a definição de gênero omitida em suas certidões de nascimento. Em 2018 Nova York também aprovou a opção do “terceiro gênero” nas certidões de nascimento. Na Nova Zelândia é possível registrar uma criança como sendo de gênero “indeterminado”, “intersexual” ou “inespecífico”. Nepal, Paquistão, Bangladesh, Índia e outros países também já aprovaram leis sobre o “terceiro gênero”. No Brasil tramitam alguns Projetos de Leis semelhantes, dentre eles o PL 5255/2016 de autoria da ex-deputada Laura Carneiro, que “Acrescenta § 4º ao art. 54 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que ‘dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências’ a fim de disciplinar o registro civil do recém-nascido sob o estado de intersexo.”2

Uma matéria publicada no Portal IG em 20123, intitulada “Filosofia polêmica propõe educar crianças fora de padrões de gênero”, explica que “Pais adeptos da ‘criação de gênero neutro’ permitem aos filhos usar roupas de fada e às garotas experimentar vivências tidas como masculinas.” Na mesma matéria, lemos:

Um dos casos mais polêmicos foi o de Sasha Laxton. Por cinco anos, os pais se recusaram a revelar o sexo da criança. No início deste ano (2012), na iminência do ingresso na escola, o casal finalmente contou que Sasha é um menino. No cartão de Natal enviado pela família nas últimas festas, ele aparece vestido de fada.

Em 2010, Angelina Jolie declarou sobre sua filha Shiloh Jolie-Pitt, à revista Vanity Fair: “Ela quer ser um garoto, então tivemos que cortar o cabelo dela”. Em junho de 2017, um site sobre famosos informou: “Filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, Shiloh inicia processo de mudança de sexo.”4

Os teóricos da Ideologia de Gênero, também chamada por alguns de “Ideologia da Ausência de Sexo”, afirmam que ninguém nasce homem ou mulher, e que os gêneros, bem como os “papéis de gênero” que decorrem das diferenças de sexos, são construções culturais e sociais. Judith Butler, em seu livro Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (Questão de gênero: o feminismo e a subversão da identidade), afirma que “o gênero é uma construção cultural; por isso não é nem resultado causal do sexo, nem tão aparentemente fixo como o sexo”. Na mesma obra, Butler ainda defende que “homem e masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um masculino; mulher e feminino tanto um corpo masculino como um feminino”.5 Os teóricos da Ideologia de Gênero defendem que além dos gêneros masculino e feminino existem “outros gêneros”, e que qualquer pessoa pode escolher um desses “outros gêneros”, ou mesmo alguns desses “outros gêneros” simultaneamente.6

Cisgênero, agênero, gênero fluido, transgênero, intersexual, pansexual… Quantos gêneros existem? Não se sabe ao certo, mas a confusão parece não ter limites. Algumas fontes falam em 52, 56, 70, e até mais de 100 gêneros. Em 2017 O Globo publicou matéria intitulada: “Com 37 opções de sexualidade, Tinder tem 250 mil novos encontros em 6 meses.”7 Basta uma simples busca pelo Google e logo aparecem sites “especializados” no assunto, alguns com listas imensas de “gêneros” que nunca ouvimos falar.

Os “Theybies” são fruto de uma geração em rebeldia contra o Criador, que se obscurece em sua falsa sabedoria, que muda a verdade de Deus em mentira, e por isso está entregue à concupiscência e à sua própria desonra (Romanos 1). Os “Theybies” refletem uma sociedade decadente, governada pelo próprio Satanás, o deus deste século que cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Coríntios 4:4). O pecado é uma ofensa ao Criador, e também uma violência contra a criatura. Pense nisso!


1 Pronomes usados para se referir a uma pessoa quando você quer evitar dizer “ele” ou “ela”, ou quando você não sabe se a pessoa é do sexo masculino ou feminino.
2 https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2084195 (acessado em 22 de fevereiro de 2019). O texto do PL pode ser baixado em pdf neste link: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=4991146365BD3AC3DAD6E72F2EDD52A4.proposicoesWebExterno1?codteor=1456906&filename=PL+5255/2016
3 https://delas.ig.com.br/filhos/2012-09-15/criacao-de-genero-neutro.html (acessado em 22 de fevereiro de 2019)
4 http://www.purepeople.com.br/noticia/filha-de-angelina-jolie-e-brad-pitt-shiloh-faz-tratamento-para-mudanca-de-sexo_a183392/1 (acessado em 22 de fevereiro de 2019)
5 Com informações de https://www.semprefamilia.com.br/o-que-e-ideologia-de-genero/ (acessado em 22 de fevereiro de 20019)
6 Com informações do site http://sofos.wikidot.com/ideologia-de-genero (acessado em 22 de fevereiro de 2012)
7 https://oglobo.globo.com/economia/com-37-opcoes-de-sexualidade-tinder-tem-250-mil-novos-encontros-em-6-meses-1-21056701 (acessado em 22 de fevereiro de 2019)

O carro ou a neta?

O apego às coisas materiais é uma das características mais fortes desta sociedade afastada de Deus; priorizar as coisas em detrimento de pessoas é uma marca reveladora da ausência de Cristo na vida. Ou somos reconhecidos como discípulos do Mestre, por imitá-lo, inclusive no amor, ou o negamos por um padrão oposto aos seus ensinos


“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:35)

Pr. Cleber Montes Moreira

Presenciei um episódio em que uma neta ligou para o avô pedindo que a buscasse na escola. Naquela tarde havia chovido bastante, e a menina disse que estava toda molhada. O avô pronunciou algumas palavras ríspidas, desligou o telefone e comentou zangado: “Se ela pensa que vai entrar no meu carro molhada, está enganada!” Após ouvir tal coisa passei a refletir sobre como temos priorizado coisas menores em detrimento das que são realmente importantes. Também pensei sobre qual tem sido o tratamento frequente daquele homem para com sua neta, bem como que tipo de lembrança ela terá dele no futuro. Certamente que se recordará de um dia em que seu avô se recusou a deixá-la entrar em seu carro, só porque estava molhada da chuva. Confesso que quis ser, ao menos por uns minutos, o avô daquela menina, ir buscá-la e levá-la para o conforto do lar. O carro? Eu não tenho um carro novo, mas se tivesse que diferença isso faria? Certamente que abriria a porta e a deixaria entrar sem me importar com o estofado. Os bens materiais são para que nos sirvamos deles, as pessoas para serem amadas. Quem faz o contrário quebra o grande mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:31). E, se devemos amar o próximo, os mais próximos são os nossos familiares. Portanto, o amor começa em casa.

O que você tem escolhido amar? O carro ou a neta? Os bens materiais ou as pessoas? Quais são os verdadeiros tesouros guardados em seu coração? O amor, não pelas coisas mas pelas pessoas, é a maior característica do cristão. Pense nisso!

Fato ocorrido em 2015

terça-feira, 23 de março de 2021

“Nossa religião é o amor”: a estratégia do diabo para enredar pessoas

Seria o “amor” como religião suficiente para reconciliar o homem com Deus? Neste caso, qual o papel de Jesus nesta chamada “religião do amor”?


“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:10)

Pr. Cleber Montes Moreira

Pastores lacradores gostam de usar frases de efeito. Esses dias um deles escreveu um texto cheio de expressões da Teologia Inclusiva e, dentre outras coisas, afirmou: “Nossa religião é o amor”. Esta mesma afirmação já foi feita por outros evangélicos, mas também por médiuns, filósofos e até ateus. Um twitteiro postou: “Minha religião é o amor, e eu não sigo regras, sigo meu coração.” Uma blogueira escreveu: “Faça do amor também sua religião!” Num texto de exaltação a Santa Sara Kali (padroeira dos ciganos), o articulista escreveu: “Sabiamente seus seguidores ensinam ‘Nossa religião é o Amor!’, pois a felicidade destas pessoas é viver sem prisões ou rótulos…” Um pastor inclusivo, já falecido, num de seus sermões declarou: “Nossa igreja é a igreja do amor”. Um outro escreveu um livro em que apresenta o amor como “uma atitude política revolucionária”, onde trata da ética a partir desse “amor” e não da Palavra de Deus, pelo menos não a partir de sua interpretação tradicional. Esses pastores consideram que é preciso “romper com o tradicionalismo moralístico envernizado de fé cristã”, modo como tratam a fé daqueles que consideram “tradicionalistas”, “moralistas”, “intolerantes” etc. Tudo o que se opõe ao discurso do “amor” é considerado como expressão de ódio. Eles dizem que “o amor é libertário”, porém tal “liberdade” nada mais é que permissividade, uma vez que este “amor” tudo consente. Prova disso é o que afirma Alexandre Feitosa em seu livro “O Prêmio do Amor” (Editora Oásis), páginas 41 e 42: “Não há argumentos que tornem ilegítimas as uniões homoafetivas diante das Escrituras visto que contra o amor não há lei!” Assim a “religião do amor” é a religião do “tudo pode” — desde que feito com ou por “amor” —, daqueles que “convertem em dissolução a graça de Deus” (Judas 1:4).

Considerando a etimologia da palavra religião, afirmar que “nossa religião é o amor” significa dizer que o homem é (re)ligado a Deus pelo “amor”, ou, pelo menos, pelo que consideram ser o “amor”. Assim o “amor” é tido como elemento que viabiliza a salvação. Talvez por isso certo pregador tenha dito que se alguém é capaz de amar, não importando se religioso ou ateu, nem a sua condição moral etc., esta pessoa está salva. Em outras palavras, se alguém é capaz de amar, mesmo que não confesse Cristo como seu Senhor e Salvador, mesmo que não tenha a experiência do arrependimento e do novo nascimento, e ainda que não viva orientado pelo Espírito de Deus (Lucas 3:8; Gálatas 5:16) está salvo. Apesar de condenarem o “tradicionalismo”, os pregadores inclusivos seguem uma nova (mas antiga) tradição que como o religiosismo judaico invalida as Escrituras: “Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!” (Marcos 7:9 — NVI).

Porque no discurso e na prática os teólogos inclusivos consideram a suficiência do amor para (re)ligar a pessoa a Deus, Jesus Cristo passou a ocupar em sua teologia um lugar “estético”, de coadjuvante, muitas vezes exercendo papel de defensor dos “excluídos”. Eles não somente desprezam o Salvador e recusam o evangelho genuíno como único poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1:16), mas também a Bíblia como normativa para a vida cristã por considerarem certos textos “opressores” e/ou “interditivos”.

O verdadeiro amor é fruto da vida com Deus, e não instrumento de salvação. Jesus Cristo continua sendo, e sempre será, o único nome, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (Atos 4:12). Apenas Ele tem o poder para reconciliar — (re)ligar — o homem com Deus (Romanos 5:10). Portanto, dizer que “nossa religião é o amor” pode até ser um discurso bonito, mas é estratégia do diabo para enredar pessoas. Pense nisso!

Em 02 de outubro de 2019

No final, é a verdade que prevalece

A mentira pode ter “pernas curtas” ou longas, mas, ao contrário da verdade, o seu fim está decretado


Pr. Cleber Montes Moreira

Há muita gente hipócrita criticando a “hipocrisia” dos outros. É notório que há hipocrisia no meio evangélico, assim como havia entre os religiosos judeus denunciados por Jesus (Mateus 15:7; 22:18 etc.) — isso sempre houve, há e haverá em todos os setores da sociedade. Porém, os hipócritas de hoje, longe do exemplo e da autoridade de Jesus, chamam hipócritas todos os que destoam de suas convicções, principalmente no campo político-ideológico. O seu modus operandi consiste em inverter a realidade: distorcem fatos, e utilizam aquela velha tática de acusarem os outros daquilo que eles fazem, e chamá-los do que são. É usando esta antiga estratégia que os hipócritas modernos rotulam de hipócritas, intolerantes, preconceituosos, racistas, fascistas, misóginos etc., seus discordantes, enquanto encenam defender minorias, lutar por justiça, liberdade, igualdade e militar pelo respeito a diversidade. Desavergonhadamente, atribuem aos outros características de seu próprio caráter e comportamentos que lhes são peculiares, enquanto afirmam militar por aquilo que na prática contraria sua própria ideologia. Dizem defender a vida, mas querem a descriminalização do aborto, e negam o direito do cidadão defender sua vida, sua família e propriedade, dentre outras coisas. Discursam em defesa da mulher enquanto exaltam feministas de sovacos peludos que exibem seus seios, defecam e urinam em público reivindicando “liberdade” e “direitos”. Dizem defender o pobre, o trabalhador, enquanto militam na política ao lado dos que dilapidam o erário causando o caos nos serviços públicos por falta de dinheiro; matando pessoas de fome, sucateando a saúde, a segurança, a educação e a economia. Proferem discursos eloquentes em favor das crianças, enquanto lutam para implantar nas escolas a ideologia de gênero, defendem exposições de “arte” em que os pequeninos são expostos à nudez ou mesmo incentivados a tocarem em corpos de “artistas” nus, dentre outras coisas. Falam sobre família, mas produzem textos, Projetos de Leis, fazem propagandas e apoiam campanhas contrárias aos valores basilares da sociedade. Falam contra a intolerância religiosa, mas exaltam um transexual “pregado” numa cruz em plena parada LGBT, ofendendo milhares de cristãos. Defendem o “Estado Democrático de Direito”, mas são insurgentes, advogam em favor de invasores de terras rurais e propriedades urbanas, e quando vão para as ruas se manifestarem por sua “causa” vandalizam patrimônios privados e públicos. Defendem o meio ambiente, falam contra o uso de agrotóxicos, mas queimam pneus em suas manifestações, derrubam plantações nas fazendas que invadem, lutam pela descriminalização da maconha e se calam diante do uso escancarado de drogas dentro das universidades. Adoram falar de democracia e direitos humanos, mas exaltam governos totalitários (defendem ANTIFAS). Reclamam liberdade de imprensa, mas lutam pelo controle e cerceamento da mídia sob pretexto de “marco regulatório” — um nome pomposo para um projeto maquiavélico. Falam de paz, mas são truculentos. Para eles, alguns criminosos, inclusive homicidas, são “perseguidos políticos”. São eles os que apregoam a “descolonização” política, cultural e religiosa, mas procuram aliciar novos “colonos” de sua ideologia. Na verdade, eles que necessitam ser descolonizados (João 8:32,36).

Eles são os que “ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo… que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (Isaías 5:20,21); têm aparência de gente piedosa, mas, na prática, são impiedosos (2 Timóteo 3:5).

Eles defendem o amor — todas as formas de amor, mesmo aquelas que de amor nada tem —, pregam a tolerância e o respeito a diversidade, gritam alto que “o amor vence o ódio”, mas agridem todos os que ousam crer, pensar, falar e ser diferente; querem impor aos outros o seu próprio padrão. Estão entre eles aqueles que em 2019, nas redes sociais, picharam o logo da Convenção Batista Brasileira com a palavra “racista”, tentando colar na CBB a sua própria imagem. Foram infelizes, não grudou. É sempre assim: a mentira pode até usar as roupas da Verdade, mas no final é a Verdade que prevalece.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Não creio…

“Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há.” (Deuteronômio 4:39)


Pr. Cleber Montes Moreira

Não creio no deus dos que dizendo pregar o evangelho, porém, servindo ao próprio ventre, com suas sutilezas enganam os incautos.

Não creio no deus daqueles que se dizendo fiéis ao evangelho, mas descrentes de seu poder, usam de subterfúgios para convencerem os infiéis.

Não creio no deus dos que pregam o amor, mas fazem acepção de pessoas.

Não creio no deus dos que, subindo aos montes para ver a sua glória, desejam construir lá cabanas para si.

Não creio no deus dos soberbos “espiritualizados”, cheios de “poder” e desprovidos da humildade característica do Salvador.

Não creio no deus dos mestres, sábios aos próprios olhos, que instruem aos outros sem, todavia, praticarem o que ensinam.

Não creio no deus dos que ocultam o verdadeiro Cristo enquanto exaltam a si mesmos.

Não creio no deus dos que servem a Mamon; dos que priorizam as riquezas em detrimento do reino eterno.

Não creio no deus dos que pregam um amor que subjuga a verdade.

Não creio no deus daqueles que, iludidos por um “evangelho social”, pregam uma justiça temporal e deixam de ensinar sobre a justiça divina, da qual devemos ter fome e sede.

Não creio no deus dos que apresentam uma verdade mentirosa, destoante dos princípios ensinados nas Escrituras; “verdade” que engana, aprisiona e mata.

Não creio no deus dos malabaristas da palavra, encantadores de (in)fiéis, que atraem para si aqueles que, não suportando a sã doutrina, se desviam da verdade em busca de quem lhes afague o ego.

Não creio no deus daqueles que tendo aparência de piedade, na prática negam sua eficácia.

Não creio no deus daqueles que, declarando falar em nome do Eterno, proclamam aos homens a sua própria palavra.

Não creio no deus dos mercadores da fé.

Não creio no deus daqueles que, ostentando espiritualidade, encobrem seu ateísmo.

Não creio no deus presente nos louvores antropocêntricos.

Não creio no deus das “igrejas” mundanizadas.

Não creio no deus das “igrejas” que dialogam com o mundo, sempre dispostas a negociarem princípios basilares da fé cristã.

Não creio no deus da religião sem Deus.

Não creio no deus da fé institucionalizada.

Não creio no deus daqueles que ressignificam as Escrituras.

Não creio no deus dos que pregam um outro evangelho.

Não creio num deus mutável (nem mutante).

Não creio num deus criado pelos homens, à sua imagem e semelhança, falho, impotente, sujeito às paixões, subserviente, pronto a atender aos comandos de seu criador.

Não creio num deus que não ama.

Não creio num deus que não se relaciona seu povo.

Não creio num deus que não disciplina seus filhos.

Não creio num deus que não julga.

Não creio no deus da Teologia Universalista.

Não creio num deus que dispensa a reverência e o temor dos fiéis.

Não creio num deus que não exija dos salvos a santificação.

Não creio em nenhum deus além do Deus eterno, Soberano, perante quem todos os deuses serão aniquilados, e diante de quem todos dobrarão seus joelhos naquele grande dia.

 

Em março de 2019

domingo, 14 de março de 2021

Os ‘macumbagélicos’, um povo não alcançado

Em razão da apostasia da fé destes tempos trabalhosos, certos evangélicos se tornam cada vez mais num campo missionário; evangelizá-los é um desafio urgente

Pr. Cleber Montes Moreira

Sempre recebo vídeos e/ou links de postagens sobre atrações do circo gospel, algumas repetidas, outras consagradas, e também novidades. Desde pastores ungindo água no monte, profetisa com manto vermelho ostentando poder, pessoas se acotovelando para tocar na “arca da aliança”, apóstolos consagrando vassouras, lideres oferecendo cursos destoados da Bíblia sobre “batalha espiritual”, igrejas com bloco no carnaval, até performances ousadas de crentes no “picadeiro da fé” (isso porque não dá pra chamar certos ajuntamentos de igreja).

Recebi um vídeo de (in)fiéis rodopiando num “terreiro” ‘macumbagélico’. Bem, eu não encontrei um nome apropriado para aquele lugar onde “em nome do Senhor” pessoas pulavam e dançavam — prática apelidada de “reteté gospel” —, como se estivessem em transe (falo sem a intenção de ofender aos afro-religiosos). Histeria pura, como ainda não tinha visto. Não sei se estavam possuídas, ou se buscavam seus quinze minutos de fama. Seja como for, este é um retrato fiel da realidade caótica deste universo de “evangélicos sem o evangelho”, já denominados por alguns de “cristambeiros”. Eles não são sal, são mundo; não são luz, são trevas, e precisam urgentemente ser evangelizados. Quem sabe no futuro envidaremos esforços para fazer missões entre os ‘macumbagélicos’, um povo não ainda alcançado?! Afinal, o Senhor mandou: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).

Em julho de 2020

quarta-feira, 10 de março de 2021

Jesus Coach

A Teologia do Coaching é artimanha maligna que corrompe a igreja; projeta a imagem de um falso cristo por meio de um evangelho empacotado, e serve a interesses obscuros de falsos líderes

coach
Imagem: Pixabay

Pr. Cleber Montes Moreira

Texto: Mateus 4:18-22 – Bíblia de Estudo Coach1

E Jesus, bem cedinho, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais passaram toda a noite no mar lançando suas redes, porém, sem nada apanhar. Ele lhes disse: “Cansados de tanto trabalho sem resultado satisfatório? Desejosos de experimentar o verdadeiro sucesso? Venham, aprendam comigo, e vocês serão pescadores de homens.” E eles, deixando as redes, seguiram o Senhor. Mais adiante, Ele viu outros dois irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu, que estavam com o pai num barco consertando suas redes. Ele os chamou, e eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, acompanharam o Mestre, que lhes explicou:

Vocês serão capacitados…

  • Para atuarem como Líderes Mentores e Coach em suas futuras igrejas, elevando a sua Performance de Gestão e liderança.
  • Para orientar e ajudar outras pessoas ampliarem sua visão, e capacitá-las nas diversas áreas da vida, tanto secular quanto espiritual, para que atinjam suas metas, conquistem seus sonhos e sintam-se realizadas.
  • Para criarem novas Estruturas Eclesiásticas, contextualizadas, flexíveis às mudanças de valores e comportamentos.

Vocês ainda aprenderão sobre:

  • Estilos de liderança.
  • Técnicas de Programação Neurolinguística (PNL).
  • Como eliminar ANCORAS e a auto sabotagem que impedem a realização de seus sonhos e objetivos.
  • Desenvolvimento de liderança autorresponsável e controle da situação.
  • Produtividade e Multiplicação.
  • Relacionamentos Multiplicadores.
  • Como criar um ambiente de “comunhão” para maior produtividade.
  • Técnicas de Engajamento.
  • Resolução de Conflitos.
  • Liderança emocional.
  • Técnicas de Gestão de pessoas.

Objetivos: Sair da vida comum, liderar pessoas, formar novos líderes e expandir o empreendimento por todo o mundo por meio do coaching.

É natural que mercenários da fé, obcecados pelo sucesso temporal, troquem o Jesus da Bíblia e seu Evangelho pelo ‘Jesus Coach’.


Em julho de 2019


1 Versão bíblica fictícia.

terça-feira, 9 de março de 2021

É só o certo que dá certo

Líderes estão sendo treinados para fazerem o que dá certo, e não o que é biblicamente certo fazer. Isso pode gerar resultados temporais, mas, na perspectiva bíblica, é só o certo que realmente dá certo

“Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas […]. E os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas.” (Ezequiel 34:3,8)

Pr. Cleber Montes Moreira

“Pare de fazer o que não dá certo!” era a frase chave num post sobre empreendedorismo, mas que poderia ser dita aos pastores ávidos por sucesso (temporal), àqueles que querem saber tudo sobre “como fazer sua igreja crescer”, “como atrair multidões”, “como encantar plateias” e coisas do tipo. Se pronunciada num evento sobre ‘Coaching Ministerial’, certamente renderia aplausos.

Num vídeo no YouTube, um Pastor Coach convocava para mais uma “Conferência Liderança de Sucesso”, com a presença de pastores e apóstolos especialistas no assunto. Na descrição, um link para compra de ingressos. Convites como estes são feitos quase que diariamente.

Pastores e líderes em geral estão sendo treinados para fazerem o que dá certo, e não o que é biblicamente certo fazer. Cursos, treinamentos, conferências e palestras, sem generalizar, focam mais as estratégias, tratam mais sobre como conseguir resultados numéricos que a fidelidade e sujeição à Palavra de Deus. Como consequência temos cada vez mais empreendedores religiosos, gestores e gerentes eclesiásticos, gente especializada na tosquia, e não pastores de ovelhas (no sentido bíblico). É como se a estratégia fosse “Pare de fazer o que não dá certo!”, e assim é, embora não declaradamente. O problema desta visão de liderança antibíblica é que:

  • Fazer o que dá certo pode indicar ambições egoístas de líderes desonestos, muitas vezes travestidas de boas intenções.
  • O que dá certo pode ser politicamente correto, sem, necessariamente, ser certo.
  • Nem tudo o que dá certo se harmoniza com a verdade.
  • Nem tudo o que dá certo é moralmente certo.
  • Nem tudo o que dá certo é honesto.
  • Nem tudo o que dá certo é biblicamente certo.
  • Nem tudo o que dá certo hoje dará certo sempre.
  • Nem tudo o que dá certo acalma consciências culposas.
  • Nem tudo o que dá certo é segundo a perfeita Vontade do Pai.
  • Nem tudo o que dá certo promove o verdadeiro evangelho.
  • Nem tudo o que dá certo nos isenta de sermos responsabilizados por Deus.

Fazer o que dá certo pode projetar na sociedade uma boa imagem do líder, pode encher templos, aumentar receitas, porém, tem sido a estratégia mais usada pelo diabo para alcançar, por meio destes líderes inescrupulosos, o seu próprio sucesso em enredar pessoas e encaminhá-las ao inferno (líderes e liderados).

Se você não quer colaborar com o intento maligno de Satanás, então deixe de buscar o sucesso pessoal e temporal, PARE DE FAZER O QUE DÁ CERTO, e comece imediatamente a fazer o certo. Isso não resultará em elogios do mundo, mas é o certo, e na visão de Deus é só o certo que dá certo.

segunda-feira, 8 de março de 2021

A EBD e o crescimento espiritual

A vida moderna tem produzido mais Martas que Marias, gente ocupada com o “importante” que deixa de lado o essencial

“E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lucas 10:42)
“Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.” (2 Pedro 3:18)

Pr. Cleber Montes Moreira

Muitos questionam sobre os motivos que têm levado tantos crentes ao marasmo espiritual, a aceitação de heresias, ao louvor antropocêntrico, a viverem vida mundana e a buscarem um “outro evangelho” que lhes seja fácil e conveniente. Muitas são as respostas, porém, uma merece especial atenção: o afastamento das Escrituras. Oseias 4:6 nunca foi tão atual: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento…”, tal como aqueles que hoje se afastam da Palavra de Deus.

Também as preocupações, a correria do cotidiano, os interesses pessoais, até mesmo o ativismo religioso, e tudo o que consome nosso tempo tem produzido mais Martas que Marias. Muitos, ocupados com o “importante”, deixam de lado o essencial.

Para uma espiritualidade sadia é necessário o reordenamento das prioridades, para que a vida do crente seja realmente cristocêntrica. Tal coisa só é possível quando há uma busca sincera e persistente pelo conhecimento de Deus, objetivando a maturidade cristã. A Escola Bíblica Dominical é um dos melhores instrumentos para isso. Fraquentar uma boa EBD é como buscar estar aos pés de Jesus, para aprender dele, para fortalecer a fé e esperança, para adorar o Eterno em espírito e em verdade, para resistir às tentações, refutar as heresias e ser um melhor crente a cada dia. Quem despreza a EBD se enfraquece, mas quem a valoriza encontra suporte para o crescimento saudável.

“E Maria escolheu a boa parte” quando se assentou aos pés de Jesus para ouvir a sua palavra (Lucas 10:39,42). E nós, o que temos escolhido?

Confia e espera

Ainda que não compreendamos, o tempo de Deus é o tempo certo, e Seu agir é perfeito; tudo o que precisamos é confiar e esperar

 

“Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.” (Eclesiastes 3:11)

Pr. Cleber Montes Moreira

Embora a Bíblia nos ensine que há tempo para tudo, e que Deus é soberano em suas ações, muitas vezes murmuramos enquanto aguardamos por alguma resposta às nossas orações. Vivemos sob a influência de uma sociedade imediatista, que quer tudo para ontem. A facilidade do controle remoto para trocar o canal da TV, abrir o portão, acender uma lâmpada e realizar outras tarefas, bem como toda comodidade que temos neste tempo de avanços tecnológicos, nos fez mal-acostumados. Esses dias meu filho estava “judiando” (como ele mesmo disse) do controle remoto: é que as pilhas estavam fracas e ele já demorava para obedecer aos comandos. Em relação a Deus muitos querem a mesma prontidão, como se fosse possível apertar uma tecla e o Poderoso responder prontamente.

Jairo era um homem importante. Ele era o líder da sinagora. Quando sua filha única, de doze anos, estava muito doente, ele foi buscar socorro em Jesus. Não sabemos o quanto ele conhecia sobre o Senhor, mas certamente o bastante para confiar que Ele seria capaz de curá-la. O relato bíblico diz que “prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa” (Lucas 8:41).

Enquanto iam, rodeados por uma multidão, Jairo teve de esperar, pois “uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada, chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou?” (Lucas 8:43-45). Enquanto isso acontecia, “chegou um dos príncipes da sinagoga, dizendo: A tua filha já está morta, não incomodes o Mestre” (Lucas 8:49). Aquele ‘atraso’ poderia ter deixado Jairo angustiado, decepcionado, com raiva… mas, ele confiou. Jesus lhe disse: “Não temas; crê somente, e será salva” (Lucas 8:50), e assim aconteceu: apesar da desconfiança dos que estavam na casa, e das risadas dos incrédulos, Jesus “pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou” (Lucas 8:54,55).

O pedido de Jairo foi atendido, não no tempo que ele imaginava, mas no tempo de Deus, para a honra e glória de Deus e alegria de todos. Ainda que não compreendamos, o tempo de Deus é o tempo certo, e Seu agir é perfeito. Quem não tem fé se desespera, mas quem nele confia espera, mesmo quando aos olhos naturais tudo parece perdido.

Confia e espera, pois “bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lamentações 3:25,26).

sexta-feira, 5 de março de 2021

Billy Graham e Charles Templeton

“Pai, pela fé eu aceito este livro como Tua Palavra! Pela fé vou além das minhas dúvidas; eu creio que esta seja a Tua Palavra inspirada!”

Billy Graham
Billy Graham
Pr. Cleber Montes Moreira

“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11:1)

“E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” (1 Coríntios 2:4,5)

Em 1949, antes de pregar num grande evento numa tenda em Los Angeles, Billy Graham mergulhou em dúvidas que afligiam sua alma. Algumas semanas antes, ele participara de uma conferência no Centro de Retiros Forest Home, na Califórnia, com diversos teólogos da época, dentre eles o seu então melhor amigo Charles Templeton, que defendia no Seminário Teológico de Princeton (Princeton Theological Seminary) seu estudo histórico e literário da Bíblia contrário a inspiração e inerrância das Escrituras.

Perturbado, certa noite Billy pegou sua Bíblia e caminhou sozinho pelas montanhas de San Bernardino, ao redor do Forest Home. Ao ver um velho tronco de árvore ao lado do caminho, colocou sobre ele sua Bíblia aberta e começou a orar:

“Ó Deus! Há muitas coisas neste livro que não entendo. Existem muitos problemas para os quais não tenho solução. Existem muitas contradições aparentes. Existem algumas áreas que não parecem se correlacionar com a ciência moderna. Não posso responder a algumas das questões filosóficas e psicológicas que Templeton e outros estão levantando.”

Depois caiu de joelhos, e continuou:

“Pai, pela fé eu aceito este livro como Tua Palavra! Pela fé vou além das minhas dúvidas; eu creio que esta seja a Tua Palavra inspirada!”

Após sua oração Graham sentiu o Espírito de Deus inundando sua alma. Quando se dirigiu ao público do Forest Home na noite seguinte, era como se fosse um novo homem. Havia uma confiança, um senso de autoridade em sua pregação que era totalmente nova e poderosa.

Ambos eram estudiosos da Palavra e evangelistas muito conhecidos. Um buscou entender a Bíblia por critérios humanos, o outro dobrou seus joelhos. Billy Graham tornou-se no homem que conhecemos, já Charles Templeton trocou a fé cristã pelo ateísmo1 (1 Coríntios 2:14).


1  Com informações de:
Documentário “Billy Graham O embaixador de Deus”, God’s Ambassador (Original), DVD, 2006, Distribuído no Brasil por Comev.
https://www.ultimato.com.br/conteudo/billy-graham-e-a-ante-sala-da-apostasia (acessado em 29 de maio de 2019)
https://friendsofjustice.blog/2015/08/03/billy-grahams-shadow-chuck-templeton-and-the-crisis-of-american-religion/ (acessado em 29 de maio de 2019)

terça-feira, 2 de março de 2021

A quem devemos obedecer

O impedimento do “livre exercício dos cultos religiosos” consiste em violação de direitos constitucionais e fere o princípio da separação entre Igreja e Estado

 

“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (Atos 5:29)

Pr. Cleber Montes Moreira

Como cristãos temos a convicção que devemos respeitar e orar pelas autoridades constituídas, obedecer às leis, pagar nossos impostos, cumprir com zelo nossos deveres e sermos exemplos de integridade. Sabemos bem o que significa dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus (Mateus 22:21). Assim ensinamos, inclusive na Escola Bíblica Dominical, e assim vivemos.

Somos cidadãos do reino eterno, mas não ignoramos nossa pátria aqui, a qual amamos e por ela suplicamos a Deus. Procuramos sempre cooperar para o bem da sociedade, inclusive realizando excelentes obras sociais onde o Estado não se faz presente, ou onde ele, por algum motivo, não age. Um exemplo disso é o trabalho que os batistas realizam nas cracolândias, oportunizando a transformação de vidas, e que tem frutificado como prova de nosso engajamento, não apenas evangelístico, mas social. Os resultados são expressivos, e mesmo a mídia tradicional, muitas vezes hostil aos cristãos, os noticia elogiosamente.

Como fruto de nossas convicções, e como parte de nosso compromisso com a sociedade, defendemos a liberdade de expressão e liberdade religiosa como direitos inalienáveis. No artigo 5º, Inciso VI de nossa Constituição Federal, lemos: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”1. Historicamente os batistas defendem a separação entre Igreja e Estado, e no Brasil este é um princípio basilar consagrado em nossa Carta Magna que diz, no Artigo 19º, que “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (I) estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”2 (grifo do autor).

Apesar do que nos assegura a Constituição Federal, direitos fundamentais têm sido violados. Recentemente, por decretos, alguns governadores e prefeitos resolveram interferir na liberdade de culto. Em maio de 2020, por meio de uma resolução, um Secretário Estadual de Saúde “sugeriu” que fossem feitas adaptações em “rituais e práticas específicas de cada tradição religiosa”, inclusive na celebração da Ceia do Senhor3. Agora, além da imposição de restrições ainda mais rígidas por parte de alguns governadores, alguns prefeitos resolveram suspender cultos e missas presenciais4, impedindo o “livre exercício dos cultos religiosos” e violando a ordem constitucional.

Não há justificativas para estes desmandos e interferências. As igrejas, com raríssimas exceções, têm sido parceiras do Estado tanto no cumprimento quanto na divulgação das medidas para a prevenção da Covid-19. Os templos não são locais com potencial de contágio como bancos, supermercados e outros ambientes.

Espero que não chegue o momento em que tenhamos, como Pedro e os apóstolos, que escolher entre obedecer a Deus ou aos homens. Mas, se acontecer, certamente que os filhos de Deus — eu disse os filhos de Deus! — responderão com a mesma coragem: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.”


1 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_5_.asp

2 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_03.07.2019/art_19_.asp

3 https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=395907#:~:text=Idosos%20maiores%20de%2060%20anos,%2C%20internet%2C%20entre%20outros%20recursos. (acessado em 02 de março de 2021)

4 https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/docs/1614352182_presentcovid-lockfev-1-.pdf (acessado em 02 de março de 2021)

segunda-feira, 1 de março de 2021

Apenas cumpra o seu ministério

Há líderes que se esforçam demasiadamente para elaboração de estratégias de crescimento e multiplicação, e se esquecem da responsabilidade de criar um ambiente propício à ação do Espírito Santo na medida em que, obstinados pelo crescimento, desprezam o compromisso e o ensino da Sã Doutrina

 

“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3:6,7 — grifo do autor)

Pr. Cleber Montes Moreira

No início de meu ministério comprei alguns livros sobre “como fazer sua igreja crescer”. Sinceramente que pensava poder fazer algo sobre isso. Li livros e matérias diversas sobre o assunto. Ainda hoje noto os modelos de gestão e estratégias de crescimento que estão em voga, tidas por alguns como a “nova invenção da roda”. Com o tempo percebi que esta é uma intenção inútil, por mais honesta que seja. Assim como não podemos acrescentar um centímetro à nossa estatura (Mateus 6:27), tampouco fazer uma criança crescer, a não ser criar um ambiente e condições favoráveis à saúde, também não podemos fazer a igreja crescer a partir de nossa capacidade. O grande problema que vejo é que estamos confundindo os papéis no processo de crescimento: “somos cooperadores de Deus” (v. 9) e não deuses; nossa tarefa é plantar e regar, ou seja, alimentar e sustentar os cristãos com a pregação do evangelho genuíno, todavia, o crescimento, é Deus quem dá. É como o lavrador cujo trabalho é observar as estações, preparar a terra, semear e cuidar da lavoura, sabendo que quem faz a semente germinar e crescer é o Criador, utilizando de leis da natureza que Ele mesmo estabeleceu.

O problema de alguns líderes de hoje é que eles se esforçam demasiadamente para elaboração de estratégias de crescimento e multiplicação, tarefa que compete a Deus, e se esquecem da responsabilidade de criar um ambiente propício à ação do Espírito Santo na medida em que, focando no crescimento, desprezam o compromisso e o ensino da Sã Doutrina. Dessa forma, o resultado que conseguem é meramente numérico, decorrente de adesões e não de conversões. A consequência são igrejas cheias de membros carnais, tendo pastores humanos e não a Cristo por cabeça, manejados por metodologias e estratégias seculares e não pela Palavra da Verdade, guiados por “visões” e não pelo evangelho.

Se você é pastor e quer cooperar para o crescimento da igreja local, apenas plante e regue: pregue a Palavra com integridade, a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um pastor e de um evangelista, cumpra fielmente o seu ministério, e creia que Deus fará a sua parte (Leia 2 Timóteo 4:5).

A fé não empodera

Enquanto a fé dos que buscam “andar sobre as águas” tende a produzir autoconfiança, a fé bíblica revela que precisamos do socorro divino, sem o qual estamos perdidos

 

E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14:29-31)

Pr. Cleber Montes Moreira

Há quem ostente uma fé num deus servil, subserviente ao homem, fé capaz de “mover montanhas”, de dar a quem crê o poder de “mover no sobrenatural”, de decretar curas, milagres e outras realizações; fé que diminui o Criador e empodera a criatura. Porém, esta fé que exalta nosso ego nada mais é que um ‘recurso de autoajuda’, capaz de gerar uma sensação agradável de poder e segurança que obscurece o entendimento de nossa dependência de Deus, e por isso nos leva ao naufrágio.

É certo que Pedro foi ousado ao fazer tal pedido. É certo que ele caminhou, ainda que por pouco tempo, sobre o mar, desafiando leis naturais. É certo que sua atitude pode merecer alguma admiração, mesmo tendo origem numa dúvida: “se és tu” — ele desafiou Jesus para que provasse ser Ele mesmo, e não um fantasma ou outro ser (v. 26). Mas, é também certo que ele teve que suplicar por socorro para não se afogar, motivo pelo qual concluo que nossa fé não é aferida quando andamos sobre as águas, mas quando clamamos por Cristo e seguramos em sua mão salvadora, sempre estendida para nos ajudar.

A tendência de quem anda sobre as águas é confiar em si mesmo, por isso Jesus não permitiu que Pedro fosse longe, e logo o fez perceber a sua impotência diante de forças tão ameaçadoras. E nisso há um ensino contra a soberba: Ninguém pode ir encontrar com Cristo caminhando sobre as águas, para que não se glorie em si mesmo; é o Senhor que vem a nós, com sua graça e misericórdia, trazendo Salvação; é ele quem estende sua mão para nos erguer da miséria do pecado. Assim, a fé salvadora não é aquela que nos faz sentir acima das circunstâncias, que nos empodera, mas a que nos leva a buscar e confiar somente em Jesus, nossa única esperança. Pense nisso!

Livros teológicos?

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