“E um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? [...] E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. [...] E, cerca de três horas depois, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto a herdade? E ela disse: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós combinastes tentar o Espírito do Senhor? [...] E, imediatamente, caiu aos seus pés e expirou.”
(Atos 5:1-11 )
![]() |
Uma história curiosa nos ajuda a refletir sobre a convivência entre naturezas distintas. Em 2022, um consultor rural em Minas Gerais compartilhou um vídeo que viralizou nas redes sociais: uma galinha, tendo chocado ovos de uma pata, cuidava dos patinhos como se fossem seus filhotes. Ela os protegia, seguia-os por toda parte, mas, quando os patinhos nadavam no lago, a galinha só podia ficar na margem, ansiosa, incapaz de acompanhá-los na água.
Diante dessa imagem, refleti sobre a realidade que encontramos nas igrejas: pessoas com naturezas diferentes — umas salvas, genuinamente regeneradas, e outras que apenas se parecem com os salvos — convivendo lado a lado; filhos de Deus verdadeiros, e outros que apenas caminham com os filhos de Deus como se também fossem um deles.
A história de Ananias e Safira, em Atos 5:1-11, ilustra essa realidade de forma impactante. Eles caminhavam entre os crentes, participavam das mesmas práticas, mas suas ações revelaram uma natureza não regenerada. Ao venderem uma propriedade, decidiram reter parte do valor, mentindo ao declararem que haviam doado tudo. Não estavam obrigados a doar nada, mas quiseram parecer mais espirituais do que eram. A motivação por trás do ato não era o amor a Deus ou aos irmãos, mas o desejo de reconhecimento; queriam ostentar aparência de piedade, serem admirados, mas seus motivos eram egoístas.
Como o Senhor nos diz em Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” A presença na igreja não os tornava salvos, pois lhes faltava a experiência do novo nascimento (João 3:3) — assim como na história dos ovos de pata chocados pela galinha, suas práticas revelaram uma natureza distinta da dos cristãos autênticos.
Deus, que vê o coração, não se deixa enganar (1 Samuel 16:7; 1 Reis 8:39; Lucas 5:22). Pedro, cheio do Espírito Santo, confrontou a mentira, e o juízo foi imediato: ambos caíram mortos. Esse episódio é um grave alerta: estar entre os filhos de Deus não garante a salvação. Muitas vezes, “boas ações” podem esconder intenções de autopromoção. Ananias e Safira buscavam elogios, como os religiosos hipócritas que Jesus condenou em Mateus 6:1-6, por agirem para serem vistos pelos homens. Suas obras, em vez de glorificarem a Deus, serviam apenas para inflar sua própria reputação.
Paulo, em 2 Timóteo 3:5, adverte sobre aqueles que têm “aparência de piedade, mas negam a sua eficácia”. Ananias e Safira são exemplos disso. Enquanto os primeiros cristãos viviam em verdadeira entrega, compartilhando tudo com os irmãos (Atos 4:32-35), eles viviam uma falsa espiritualidade. Sua hipocrisia, como a “azeitona-do-ceilão” — um fruto que parece azeitona, mas é amargo e adstringente —, prometia algo que não entregava. Assim, muitos hoje podem estar na igreja, mas seguir um caminho espiritual diferente, rumo a um destino eterno separado de Deus (Mateus 25:46).
A lição é clara: Deus conhece nossas intenções. Como diz Lucas 12:2: “Nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido.” Podemos enganar outros, até a nós mesmos, mas nunca a Deus. A verdadeira piedade nasce de um coração regenerado, que busca glorificar a Deus, não a si mesmo. A história de Ananias e Safira nos chama a examinar nossa fé: somos filhos de Deus ou apenas imitamos a piedade? Caminhamos com os salvos, mas para onde nosso coração nos leva?
Aplicação:
Examine seu coração à luz da Palavra. Sua vida cristã é fruto de uma fé genuína ou de uma representação? Você tem buscado agradar a Deus ou aos homens? Que hoje seja um dia de verdade diante do Senhor, pois não podemos enganar Aquele que sonda os corações.
Oração:
Senhor, Tu sondas meu coração e conheces minhas intenções. Livra-me de toda hipocrisia e ajuda-me a viver uma fé genuína, que Te honre de verdade. Em nome de Jesus, amém.
Clique e inscreva-se no canal para ler outras devocionais.